Governo Dilma aposta em medidas econômicas para se salvar da crise política


Enquanto enfrenta a turbulência política e a ameaça cada vez mais forte de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o governo federal corre para estabilizar a atividade econômica e dar sinais de que a saída para a crise pode vir pela economia.

Cobrada por parlamentares da base aliada e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pedem urgência na adoção de medidas de estímulo ao crescimento, a equipe econômica trabalha para apresentar iniciativas que possam segurar a recessão e fazer o crédito e o investimento deslancharem.

Sem dinheiro em caixa para o modelo de subsídios utilizado no passado e com a queda significativa na arrecadação de tributos, as ações deixam de lado o ajuste fiscal e se baseiam principalmente na expansão de gastos e em medidas para destravar a concessão de financiamentos dos bancos públicos. Na avaliação de Lula e do PT, os efeitos dessas iniciativas têm o condão de dar sobrevida ao governo.

Apesar de argumentar que as medidas tomadas por Dilma são necessárias para o País, o líder do governo na Comissão de Orçamento do Congresso, Paulo Pimenta (PT-RS), admite que o alívio na economia é uma forma de melhorar o clima na sociedade e, por consequência, no Congresso. “Melhorando a atividade, também melhora a situação política”, avalia.

Pimenta espera que a melhora do ambiente, ao lado de outros fatores, como a presença de Lula na articulação do governo – mesmo se ele não conseguir assumir de fato a Casa Civil – fortalecerá a base aliada. Segundo o deputado, o governo trabalha para arrematar rapidamente o debate sobre o impeachment para, em seguida, dar andamento à pauta econômica.

Principal preocupação do Palácio do Planalto no Congresso, o PMDB teria papel importante na aprovação das medidas, mas está rachado. A decisão sobre o rompimento do partido com o governo deverá ser tomada na próxima terça-feira (29) e o desembarque é dado como praticamente certo. Na avaliação de um político próximo ao vice-presidente Michel Temer, que comanda o PMDB, se o objetivo do Planalto era facilitar as negociações políticas com uma sinalização na economia, o timing já passou.

“Agora o Brasil está parado, esperando para ver o que acontece com o impeachment. Essas medidas terão pouca eficácia no cenário político”, conta o interlocutor de Temer. Nesse cenário, o vice-presidente tem evitado os holofotes. “O melhor que ele pode fazer, neste momento, é não fazer nada, não dar opinião, não pedir nada. Qualquer movimento dele só pode vir a prejudicá-lo”, afirma um integrante da cúpula peemedebista.

Medidas
Para o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, é possível estabilizar a economia no segundo semestre, o que contribuiria para a melhora do cenário político. Nesta semana, ele pediu “civilidade” no debate e disse que os campos econômico e político podem se ajudar.

Ao mesmo tempo, Barbosa tirou da cartola ações para dar espaço a gastos que, na opinião da atual equipe, poderão estimular a atividade, como despesas com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para isso, o governo pediu ao Congresso que mude a lei e possa fazer um déficit de até R$ 96,6 bilhões em 2016.

Novas medidas estão em estudo, principalmente para destravar o crédito. De acordo com fontes da equipe econômica, estão na mesa ações de caráter regulatório que podem liberar a concessão de empréstimo sem a necessidade de recursos adicionais, como mudanças nas regras dos depósitos compulsórios. Também estão sendo preparadas medidas de estímulo à exportação, que, em tempos de dólar favorável, são a principal aposta do governo para a recuperação econômica.

O governo lançará, ainda, a terceira etapa do Minha Casa, Minha Vida e vê na cerimônia – marcada para a próxima quarta-feira (30) – uma oportunidade de agenda positiva em meio ao processo de impeachment. Sem dinheiro no Orçamento para subsidiar o programa habitacional, a nova etapa depende basicamente de recursos do FGTS.

A equipe de Dilma também aposta no plano de socorro aos Estados, que reduzirá o serviço das dívidas estaduais. O Planalto quer que os governadores tenham mais espaço para gastar no curto prazo, o que significa uma injeção de recursos na economia. E, como o plano tem contrapartidas fiscais, no médio e longo prazos isso pode representar uma melhora nas contas dos Estados, com a redução de gastos com a folha de pessoal e aumento nas contribuições previdenciárias.

O plano do governo federal, porém, poderá ser frustrado durante a tramitação do projeto no Congresso. Apesar de pedirem pressa na votação do texto, governadores já sinalizaram que poderão recorrer às suas bases para flexibilizar as exigências de aperto que estão hoje no projeto.

Na prática, as tentativas do Planalto de expandir o crédito esbarram nas altas taxas de juros e na falta de demanda. Em fevereiro, o governo anunciou medidas que teriam o potencial de liberar R$ 83 bilhões. Em alguns casos, como nas linhas para microempresas e exportadores, os tomadores reclamam que os juros estão altos e que as empresas estão endividadas, sem espaço para novos financiamentos.

A avaliação de integrantes da equipe econômica é de que a aprovação do socorro aos Estados será rápida. No mesmo projeto, o governo empacotou medidas de reforma fiscal, como a limitação do crescimento do gasto da União e um regime especial de contingenciamento, que, na prática, reduz o esforço fiscal em anos de baixo crescimento.

Já a tramitação do segundo projeto enviado nesta semana – que reduz a meta de superávit primário de 2016 e permite o abatimento de receitas frustradas e despesas com investimentos em saúde – deverá ser mais difícil. Além do debate dominado pelo impeachment, a troca de integrantes da Comissão de Orçamento do Congresso, cuja composição atual se encerra na próxima terça-feira (29), vai atrasar ainda mais a tramitação.

ONU Mulheres condena sexismo contra Dilma


A Organização das Nações Unidas para as Mulheres condenou nessa quinta-feira (24) a “violência sexista” contra a presidente Dilma Rousseff e pediu que se proteja o Estado de direito.

“A ONU Mulheres condena todas as formas de violência contra as mulheres, inclusive a violência política de ordem sexista contra a Presidenta da República, Dilma Rousseff”, afirma a declaração.

“Nenhuma discordância política ou protesto pode abrir margem e/ou justificar a banalização da violência de gênero – prática patriarcal e misógina que invalida a dignidade humana”, completa.

“A ONU Mulheres observa com preocupação o contexto político brasileiro e apela publicamente à salvaguarda do Estado Democrático e de Direito”, acrescenta.

 

Dilma diz a jornalistas que “dorme bem à noite” e não vai renunciar


A presidente Dilma Rousseff afirmou a jornalistas estrangeiros nesta quinta-feira, 24, que “dorme bem à noite” e que o esforço da oposição para a remover do Planalto “carece de bases legais”. De acordo com reportagem escrita pelo correspondente do jornal norte-americano The New York Times no Brasil, Simon Romero, a presidente reforçou que não pretende renunciar.

A reportagem descreve que Dilma adotou um tom “desafiador” na conversa, que durou mais de uma hora, em seu escritório no Palácio do Planalto, insistindo que não pretende deixar o governo. “Nós apelaremos a todos os meios legais disponíveis”, afirmou a presidente, ao ser perguntada sobre se aceitaria uma derrota no Congresso sobre o impeachment. Segundo o relato do NYT, Dilma negou que tenha recebido financiamento ilegal em sua campanha.

O jornal norte-americano lembra o imbróglio em torno da nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil. Em um editorial publicado no último sábado, o periódico classificou de “ridículas” as explicações de Dilma para justificar a nomeação de Lula, principalmente porque ocorreu em meio às denúncias de corrupção apuradas pela Operação Lava Jato.

Na entrevista desta quinta-feira, Dilma defendeu a escolha do ex-presidente. “Lula é meu parceiro”, disse ela, segundo o jornal. Ela ressaltou a capacidade de negociação e articulação política de Lula e afastou a justificativa de que a nomeação é apenas para protegê-lo da Operação Lava Jato, dando foro privilegiado ao ex-presidente.

O NYT destaca na reportagem uma pesquisa recente, que mostra que 68% da população é favorável ao impeachment e que os brasileiros têm saído às ruas para protestarem contra o governo. “Não vou dizer que é agradável ser vaiada”, disse Dilma aos jornalistas estrangeiros ao falar das manifestações. “Mas não sou uma pessoa depressiva. Eu durmo bem à noite.”

A reportagem destaca ainda que o impeachment de Dilma pode ser votado na Câmara e no Senado já no próximo mês e que a presidente ainda enfrenta outra possibilidade de perder o mandato, a análise de irregularidades no financiamento da chapa que a elegeu pelo Superior Tribunal Eleitoral (TSE). Neste caso, o vice-presidente, Michel Temer, não poderia assumir o Planalto.

*Estadão Conteúdo

Dilma defende mandato e adere ao ‘não vai ter golpe’: ‘Não renuncio em hipótese alguma’


Foto: Reprodução / NBR

Após ter se reunido com diversos juristas, a presidente Dilma Rousseff realizou pronunciamento na tarde desta terça-feira (22) sobre o processo de impeachment e sobre as gravações divulgadas com autorização do juiz Sérgio Moro, dentre as quais, há uma conversa entre ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma afirmou de forma enfática que não abrirá mão do seu cargo.

“Não renuncio em hipótese alguma”, disse. Dilma fez comparações com o período do regime militar, e colocou o impeachment como uma arma da oposição a seu governo para causar uma “ruptura democrática”, já que, em seus argumentos, ela tem a “consciência tranquila” de que não cometeu nenhum crime de responsabilidade.

“Essa conjuração que ameaça a estabilidade constitucional e democrática no Brasil, tem vários segmentos. Uma das ameaças vem do processo de impeachment em curso no Congresso Nacional. Todos aqui sabemos que nossa Constituição prevê impeachment como instrumento desde que haja crime de reponsabilidade claramente demonstrada”, argumentou, salientando que o país vive um regime presidencialista. “Como se vivesse num regime parlamentarista , a suspeição de um presidente é suficiente para que ele seja afastado. O parlamentarismo não é majoritário, não leva as urnas”, citou.

Ela também fez menções à atuação da Justiça, em clara referência a Sérgio Moro. Entre os fatos que enfraqueceriam a Justiça, estariam a gravação e divulgação de uma conversa da presidente sem a “devida, necessária e imprescindível autorização do STF”, que constituiria “evidente violação da segurança nacional”; além de, “ao arrepio da lei” , divulgar gravações que “maculam imagem de pessoas e invadem privacidade de cidadãos e cidadãs”.

A petista mencionou também a violação das “prerrogativas dos advogados, ferindo o direito de defesa”. Quando tudo isso acontece, é uma tentativa de ultrapassar a linha estabelecida pelo Estado Democrático de Direito”, apontou. Dilma também fez uma alusão a Leonel Brizola (1922 – 2004), que entrou na clandestinidade após o golpe militar. “Jamais imaginei que voltaríamos a viver um momento em que se fizesse necessário fazem uma campanha pela legalidade como estamos fazendo”. “Por isso tenho certeza : não vai ter golpe”, concluiu a mandatária, após discurso sem “meias palavras”.

*BN

Prazo para Cunha apresentar defesa no Conselho de Ética termina nesta segunda


Termina nesta segunda-feira (21) o prazo para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), entregar a sua defesa no Conselho de Ética, onde responde a um processo disciplinar por suposta quebra de decoro parlamentar. Este prazo foi aberto um dia após ele ser notificado sobre a decisão do colegiado de dar continuidade ao seu caso.

No mesmo dia, Cunha recorreu à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pedindo a suspensão do processo e a destituição do relator, Marcos Rogério (PDT-RO). Se o presidente da Casa não apresentar sua defesa, o presidente do colegiado, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), disse que dará continuidade ao andamento dos trabalhos do mesmo jeito.

Uma nova nessão foi marcada para a próxima terça-feira (22), quando, de acordo com Araújo, terá início a etapa da coleta de provas e, eventualmente, marcação de depoimentos. Eduardo Cunha é suspeito de manter contas bancárias secretas na Suíça e mentir sobre a existência delas em depoimento à CPI da Petrobras no ano passado. Ele nega ser dono de contas no exterior, mas admitiu ter o usufruto de ativos geridos por trustes estrangeiros. O processo pode resultar até na cassação do seu mandato. Informações do Metro1.

Datafolha mostra Marina numericamente à frente para 2018


Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (19) pelo site do jornal “Folha de S.Paulo” mostra os percentuais de intenção de voto em quatro simulações da corrida presidencial de 2018.

Segundo o instituto, a ex-senadora Marina Silva (Rede) lidera numericamente intenções de voto e tem entre 21% e 24%, dependendo de quem for o candidato do PSDB. Lula (PT) perdeu pontos além da margem de erro, comparado àpesquisa anterior, de fevereiro. Em um confronto com Marina e Aécio, ele ficaria em terceiro lugar. Veja os números:

Cenário 1 (com Aécio):
Marina Silva (Rede): 21%
Aécio Neves (PSDB): 19%
Lula (PT): 17%
Bolsonaro (PP): 6%
Ciro Gomes (PDT): 6%
Luciana Genro (PSOL): 3%
Eduardo Jorge (PV): 2%
Ronaldo Caiado (DEM): 2%
Michel Temer (PMDB): 1%
Branco/nulo: 18%
Não sabe: 6%

Cenário 2 (com Alckmin):
Marina Silva (Rede): 23%
Lula (PT): 17%
Geraldo Alckmin (PSDB): 11%
Ciro Gomes (PDT): 7%
Bolsonaro (PP): 6%
Luciana Genro (PSOL): 3%
Eduardo Jorge (PV): 2%
Michel Temer (PMDB): 2%
Ronaldo Caiado (DEM): 1%
Branco/nulo: 20%
Não sabe: 7%

Cenário 3 (com Serra):
Marina Silva (Rede): 24%
Lula (PT): 17%
Serra (PSDB): 13%
Ciro Gomes (PDT): 7%
Bolsonaro (PP): 7%
Luciana Genro (PSOL): 3%
Eduardo Jorge (PV): 2%
Ronaldo Caiado (DEM): 2%
Michel Temer (PMDB): 1%
Branco/nulo: 19%
Não sabe: 6%

Cenário 4 (com os três tucanos):
Marina Silva (Rede): 17%
Lula (PT): 17%
Aécio Neves (PSDB): 14%
Sergio Moro (sem partido): 8%
Serra (PSDB): 6%
Bolsonaro (PP): 5%
Ciro Gomes (PDT): 5%
Geraldo Alckmin (PSDB): 5%
Luciana Genro (PSOL): 3%
Eduardo Jorge (PV): 1%
Ronaldo Caiado (DEM): 1%
Michel Temer (PMDB): 1%
Branco/nulo: 13%
Não sabe: 5%

O Datafolha realizou a pesquisa nos dias 17 e 18 de março de 2016 com 2.794 entrevistados em 171 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. Segundo o instituto, os resultados podem exceder o ficar abaixo dos 100% devido a arredondamentos.

O que os brasileiros acham sobre a atitude de Dilma e Lula?


73% dos entrevistados consideram que a Dilma agiu mal ao convidar Lula para assumir um ministério; apenas 22% dos entrevistados aprovaram a atitude

Nesta semana atípica, em que Lula foi indicado ministro da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, o instituto Datafolha realizou uma pesquisa para apurar a taxa de rejeição ao ex-presidente.

Segundo a Folha de S. Paulo, o resultado atingiu o recorde de 57%.

Antes dessa pesquisa, o pior índice de rejeição ao ex-presidente Lula foi de 40%, e havia sido registrado em setembro de 1994, quando ele disputou (e perdeu) a Presidência contra o tucano Fernando Henrique Cardoso.

De acordo a publicação, mesmo entre os mais pobres, Lula chegou a ser rejeitado por metade (49%) da população. A pesquisa revela ainda que o índice cresce segundo o avanço da renda familiar e chega a 74% entre aqueles que ganham dez ou mais salários mínimos por mês.

A maioria dos eleitores, 68% disseram que Lula só aceitou o cargo de ministro no governo Dilma para obter foro privilegiado no STF (Supremo Tribunal Federal) e, assim, escapar das ações do juiz Sergio Moro nas investigações da Operação Lava Jato.

Apenas 19% disseram que acreditam que Lula tenha aceitado o cargo para ajudar o governo Dilma.

Além disso, 73% dos entrevistados consideram que a Dilma agiu mal ao convidar Lula para assumir um ministério; apenas 22% dos entrevistados aprovaram a atitude.

“A grande maioria da população decodifica o convite a Lula como uma tentativa de livrá-lo das investigações da Lava Jato e da Justiça, e não como algo que pudesse ter alguma ajuda para o governo de fato”, explicou o diretor de Pesquisas do Datafolha, Alessandro Janoni.

A pesquisa também revelou que os brasileiros não confiam que a presença de Lula entre os ministros de Dilma irá melhorar o desempenho geral do governo.

36% dos entrevistados pelo Datafolha acreditam que a gestão tende a piorar, outros 38% acham que não haverá mudanças com a presença do ex-presidente no ministério.

 

Explicação de Dilma para nomeação de Lula foi ‘ridícula’, diz NYT


Um editorial publicado pelo jornal americano “The New York Times” nesta sexta-feira (18) afirma que a presidente Dilma Rousseff (PT) “luta por sobrevivência política”, mas que, “surpreendentemente, parece ter achado que tinha capital político de sobra” ao nomear o o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil, segundo o jornal Folha de S. Paulo.

Ainda segundo a publicação, a explicação que a presidente deu para a nomeação de Lula, de que ele seria um negociador de talento, foi “ridícula”, o que teria criado outra crise “de confiança em seu próprio julgamento”.

“Cerca de 50 autoridades –incluindo políticos de outros partidos– foram envolvidos no escândalo da Petrobras, e os brasileiros estão enojados com seus líderes, com razão. O último artifício do governo petista fez manifestantes irem às ruas pedir a renúncia de Dilma”, diz o editorial. “Se suas últimas manobras impelirem o impeachment para a linha de chegada, Dilma só poderá culpar a si mesma”, finaliza.

Câmara aprova comissão do impeachment de Dilma; veja lista dos integrantes


A Câmara dos Deputados aprovou nesta tarde a comissão especial que analisará o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Foram 433 votos favoráveis e um contrário à chapa com os 65 nomes titulares e os respectivos suplentes indicados pelos líderes partidários. O próximo passo, que será dado ainda hoje, é a escolha, por voto, do presidente e do relator da comissão especial.

O voto contrário foi o do deputado José Airton (PT-CE). Havia 435 parlamentares em plenário. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não votou.

Vinte e três partidos entregaram a lista dentro do horário estipulado. Apenas o PP perdeu o prazo, mas, por unanimidade, pôde indicar os nomes em plenário. Pelo PP, os parlamentares que vão compor a comissão são Aguinaldo Ribeiro (PB), Jerônimo Goergen (RS), Júlio Lopes (RJ), Paulo Maluf (SP) e Roberto Brito (BA), como titulares.

Outra mudança ocorreu na relação do PMDB, que conseguiu, em reunião na manhã de hoje, driblar divergências internas e aprovar uma lista conjunta, entre alinhados ao governo e insatisfeitos com o Palácio do Planalto. Na hora da votação da chapa, o deputado José Priante (PA), que era um dos indicados, decidiu retirar seu nome. O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), disse que foi uma decisão pessoal de Priante e pediu para que o partido pudesse indicar o deputado Altineu Côrtes (RJ) como novo nome. Como o processo de filiação de Côrtes – que deixou o PR para ingressar no PMDB – não foi concluído formalmente, segundo Eduardo Cunha, a indicação final foi a do deputado Leonardo Quintão (MG), que chegou a substituir Picciani na liderança, a pedido da ala insatisfeita do partido durante o impasse que dividiu oficialmente a legenda.

A chapa foi aprovada nominalmente, em turno único. A distribuição das vagas foi definida de acordo com o tamanho dos partidos na Câmara. Com a janela partidária que permite que até amanhã (18) seja feita a troca de legendas sem sanções para os parlamentares, a Mesa Diretora da Casa redistribuiu o número de vagas por todos os partidos.

Cunha disse que espera agilidade “total” da comissão e informou que, logo após a votação da chapa, ele vai se reunir com os líderes. O peemedebista lembrou que o ritmo do trabalho depende de prazos regimentais. “Depende do prazo em que vier a resposta da senhora presidente ao processo. Ela tem dez sessões para responder. Se responder rápido, será rápido. Se ela levar as dez sessões, vai levar mais tempo. A comissão é apenas um estágio, quem vai decidir, no fim, é o plenário, que vai decidir soberanamente”, afirmou.

Com o fim da sessão, assessores do primeiro-secretário da Mesa Diretora, Beto Mansur (PRB-SP), informaram que o parlamentar irá, pessoalmente, entregar a notificação sobre o início do processo à presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto.

Veja a lista dos integrantes da comissão:

PMDB
Titulares (8)
João Marcelo Souza (MA)
Altineu Côrtes (RJ)
Leonardo Picciani (RS)
Lúcio Vieira Lima (BA)
Mauro Mariani (SC)
Osmar Terra (RS)
Valternir Pereira (MT)
Washington Reis (RJ)

Suplentes (8)
Alberto Filho (MA)
Carlos Marun (MS)
Elcione Barbalho (PA)
Hildo Rocha (MA)
Lelo Coimbra (ES)
Manoel Junior (PB)
Marx Beltrâo (AL)
Vitor Valim (CE)

PTB
Titulares (3)
Benito Gama (BA)
Jovair Arantes (GO)
Luiz Carlos Busato (RS)

Suplentes (3)
Arnaldo Faria de Sá (SP)
Paes Landim (PI)
Pedro Fernandes (MA)

DEM
Titulares (3)
Elmar Nascimento (BA)
Mendonça Filho (PE)
Rodrigo Maia (RJ)

Suplentes (3)
Francisco Floriano (PR-RJ)
Mandetta (MS)
Moroni Torgan (CE)

PRB
Titulares (2)
Jhonatan de Jesus (RR)
Marcelo Squassoni (SP)

Suplentes (2)
Cleber Verde (MA)
Ronaldio Marins (CE)

PSC
Titulares (2)
Eduardo Bolsonaro (SP)
Marco Feliciano (SP)

Suplentes (2)
Irmão Lazaro (BA)
Professor Victório Galli (MT)

SD
Titulares (2)
Fernando Francischini (PR)
Paulo Pereira da Silva, Paulinho da Força (SP)

Suplentes (2)
Genecias Noronha (CE)
Laudivio Carvalho (MG)

PEN
Titular (1)
Junior Marreca (MA)

Suplente (1)
Erivelton Santana (PSC-BA)

PHS
Titular (1)
Marcelo Aro (MG)

Suplente (1)
Pastor Eurico (PE)

PTN
Titular (1)
Bacelar (BA)

Suplente (1)
Aluisio Mendes (MA)

PT
Titulares (8)
Arlindo Chinaglia (SP)
Henrique Fontana (RS)
José Mentor (SP)
Paulo Teixeira (SP)
Pepe Vargas (RS)
Vicente Candido (SP)
Wadih Damous (RJ)
Zé Geraldo (PA)

Suplentes (8)
Benedita da Silva (RJ)
Bohn Gass (RS)
Carlos Zaratini (SP)
Luiz Sérgio (RJ)
Padre João (MG)
Paulo Pimenta (RS)
Valmir Assunção (BA)
Assis Carvalho (PI)

PR
Titulares (4)
Edio Lopes (RR)
José Rocha (BA)
Maurício Quintella Lessa (AL)
Zenaide Maia (RN)

Suplentes (4)
Aelton Freitas (MG)
Gorete Pereira (CE)
João Carlos Bacelar (BA)
Wellington Roberto (PB)

PSD
Titulares (4)
Júlio Cesar (PI)
Marcos Montes (MG)
Paulo Magalhães (BA)
Rogério Rosso (DF)

Suplentes (4)
Evandro Roman (PR)
Fernando Torres (BA)
Goulart (SP)
Irajá Abreu (TO)

PROS

Titulares (2)
Eros Biodini (MG)
Ronaldo Fonseca (DF)

Suplentes (2)

Odorico Monteiro (CE)
Toninho Wandcsheer (PR)

PCdoB

Titular (1)
Jandira Feghali (RJ)

Suplente (1)

Orlando Silva (SP)

PSDB

Titulares (6)
Bruno Covas (SP)
Carlos Sampaio (SP)
Jutahy Junior (BA)
Nilson Leitão (MT)
Paulo Abi-Ackel (MG)
Shéridan (BA)

Suplentes

Bruno Araújo (PE)
Fávio Sousa (GO)
Izalci (DF)
Mariana Carvalho (RO)
Rocha (AC)
Rogério Marinho (RN)

PSB

Titulares (4)
Bebeto (BA)
Danilo Forte (CE)
Fernando Coelho Filho (PE)
Tadeu Alencar (PE)

Suplentes (4)

JHC (AL)
João Fernando Coutinho (PE)
Jose Stédile (RS)
Paulo Foletto (ES)

PPS

Titular (1)
Alex Manente (SP)

Suplente (1)

Sandro Alex (PR)

PV

Titular (1)
Evair de Melo (ES)

Suplente (1)

Leandre (PR)

PDT
Titulares (2)
Flavio Nogueira (PI)
Weverton Rocha (MA)

Suplentes (2)
Flávia Morais (GO)
Roberto Góes (AP)

PSOL
Titular (1)
Chico Alencar (RJ)

Suplente (1)
Glauber Braga (RJ)

PTdoB
Titular (1)
Silvio Costa (PE)

Suplente (1)
Franklin Lima (MG)

PMB
Titular (1)
Weliton Prado (MG)

Suplente (1)
Fábio Ramalho (MG)

Rede
Titular (1)
Aliel Machado (PR)

Suplente (1)
Alessandro Molon (RJ)

PP
Titulares (5)
Aguinaldo Ribeiro (PB)
Jerônimo Goergen (RS)
Júlio Lopes (RJ)
Paulo Maluf (SP)
Roberto Brito (BA)

Suplentes (5)
André Fufuca (MA)
Fernando Monteiro (PE)
Luís Carlos Heinze (RS)
Macedo (CE)
Odelmo Leão (MG)

Dilma ‘ataca’ Moro durante posse de Lula


Dilma criticou o ‘vazamento seletivo’ e afirmou que o  grampo é ilegal (Foto: Reprodução)

A presidente Dilma Rousseff aproveitou a posse dos novos ministros, entre eles o ex-presidente Lula, que assumiu a Casa Civil, para criticar a divulgação de escutas telefônicas de Lula feitas pela Polícia Federal nas investigações da Operação Lava Jato.

“Não há Justiça quando delações são tornadas públicas de forma seletiva para execração de alguns investigados e quando depoimentos são transformados em fatos espetaculares. Não há Justiça quando leis são desrespeitadas e a Constituição aviltada. Não há Justiça para os cidadãos quando as garantidas constitucionais da própria presidente da República são violadas”, afirmou Dilma durante seu discurso.

Nesta quarta-feira (16), escutas telefônicas de Lula foram divulgadas. Em um dos telefonemas, o ex-presidente recebe uma ligação de Dilma em que ela afirma que enviará o termo de posse para que ele use em caso de ‘necessidade’. “Seguinte, eu tô mandando o ‘Bessias’ junto com o papel pra gente ter ele e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?”.

A oposição interpretou a frase dita pela presidente como um indicativo de que a nomeação de Lula para a Casa Civil teve o objetivo de garantir a ele foro privilegiado e assim escapar da alçada do juiz Sérgio Moro, responsável pela investigação da Operação Lava Jato em primeira instância.

Segundo esta interpretação, o diálogo configuraria que ambos atuaram juntos para obstruir as investigações que têm Lula como um dos alvos. A ordem para a Polícia Federal fazer interceptações telefônicas de 15 números ligados ao Instituto Lula, assessores e do filho do ex-presidente foi expedida por Sérgio Moro no dia 19 de fevereiro e tinham validade para 15 dias.