A tranquilidade é o orgulho dos moradores de São João do Arraial, município de pouco mais de 7 mil habitantes, a 250 km de Teresina, no Piauí.
Há um ano a cidade não registra homicídio nem assaltos. E olha que o só existem 3 policiais no município.
O motivo da calmaria é a criação da própria moeda, o “cocal”, que movimenta a economia de São João do Arraial.
Com o cocal as pessoas pagam contas, recebem salário, bolsa família e até fazem empréstimos.
“Uma moeda segura, porque, inclusive, ela é aprovada pelo banco central e para cada cocal circulando em nosso município nós temos um real no banco dos cocais”, relatou João Alves da Cruz, controlador do município.
Antes da moeda própria, São João do Arraial não tinha agência bancária. Os moradores tinham que ir para municípios vizinhos pagar contas e isso prejudicava a circulação de dinheiro na cidade.
Hoje existe o Banco dos Cocais e o cocal representa 30% do dinheiro que circula em São João do Arraial.
Descontos
A moeda tem o mesmo valor do real, mas com maior poder de compra graças aos descontos oferecidos em todos os estabelecimentos comerciais do município.
Se um produto custa R$ 10, pagando com a moeda social, custará C$ 9.
O desconto é possível porque, para cada cocal emitido, há um lastro de um real garantido pela organização financeira comunitária.
As cédulas são estampadas com ícones da cultura e economia local, além possuir um selo que dificulta a sua falsificação.
De acordo com o coordenador Mauro Rodrigues, o banco tem o custo de R$ 0,15 por moeda fabricada, além de arcar com o transporte desde Fortaleza, onde está a gráfica de confiança do Instituto Palmas, gestor e certificador de bancos comunitários no Brasil, e responsável pela impressão das notas.
Segurança
A tranquilidade que é motivo de orgulho para os moradores. “Me sinto segura, a gente anda a noite, anda de bicicleta na rua e é bom demais”, disse a aposentada Cesarina Borges ao G1.
A dona de casa Francisca das Chagas Mesquita garantiu que não tem preocupação com a violência que atinge outras cidades.
“Ainda não tem essas violências que não dê de dormir com a porta aberta, não”, afirmou.
Com informações do G1