Vereadores pedem explicação sobre vinda de empresa Naturalle pra Simões Filho; “isso aqui não”


Em solidariedade ao pessoal do movimento Nossa Água, Nossa Terra Nossa Gente que realizará uma reivindicação na manhã desta quarta-feira (03), na Câmara de vereadores de Simões Filho solicitando a suspensão das obras de implantação da empresa Naturalle Tratamento de Resíduos Sólidos no município, em sessão ordinária, alguns vereadores se posicionaram a favor do movimento e cobraram explicações ao prefeito Diógenes Tolentino.

Na oportunidade o vereador Everton Paim, que ao apresentar sua indicação na tribuna fez questão de salientar a presença dos representantes do movimento na sessão, enfatizou a importância de se questionar os impactos negativos do empreendimento.

“Não estou falando pra querer mérito nenhum e nem participei de nenhuma reunião, mas nós estamos vendo esta situação e temos que perceber que nós não somos quintal de Camaçari. Então é o seguinte, aqueles que vierem pra cá têm que respeitar a gente. Não sei quem são os responsáveis, não sei quem está correto, mas nós precisamos de uma explicação aqui, seja lá de quem for”, disse Everton.

Everton completou ainda que aos parlamentares é imputado o poder de fiscalizar e de inclusive paralisar aquilo que não tiver dentro dos parâmetros legais de execução. “Nós aqui vereadores já embargamos obras da embasa, porque podemos sim suspender alvará. Vamos ver a legalidade disso e vamos ver o que é correto”, ressaltou ele.

Em acordo com a fala do nobre colega, o vereador Everaldo (Vel) que mesmo sendo breve em suas palavras recebeu bastante aplausos do público presente, afirmou que está cansado de ver o município sendo desvalorizado.“Quero dizer que chega de coisas negativas pra essa cidade. Quando é coisa boa não vem pra cidade, quando é coisa negativa vem pra cidade, chega! Lixão aqui não”, exclamou Vel.

Outros parlamentares preferiram o embate com o povo dizendo que ambas as partes precisam ser ouvidas para se verificar quem de fato tem razão, como disse o vereador Eri.

“Eu não sou nem contra nem sou a favor, a gente tem que ouvir o que é que o povo tem a dizer, porque não adianta ouvir só uma parte, nós temos que ser bilateral. Então eu não posso chegar a dizer se é um lixão ou se não é, a gente tem que ouvir a empresa realmente, qual é a finalidade. Eu tenho conhecimento de que não é lixão, mas se estão dizendo que é, nós temos que ver”.

O presidente da Casa, Genivaldo Lima também chegou a colocar que não é contra nem a favor da empresa, mas que é preciso se estudar um local adequado para a implantação do aterro, uma vez que a Lei obriga o município a dar uma destinação correta aos resíduos sólidos. “Ou lá ou cá, até 2020 nós teremos que definir onde será o aterro sanitário”.

Durante as manifestações a representante da Fundação Terra Mirim, DahVII entoou um grito afirmando que “o povo precisa ter vós na casa do povo” e em resposta a sua colocação o presidente da mesa, voltou a se manifestar dizendo “enquanto estiver presente, a comunidade sempre terá vós”.

O vereador Denilson das Neves foi bastante enfático ao dizer que em anos anteriores, algumas audiências públicas foram realizadas com técnicos ambientalistas para se definir o uso adequado do solo nas áreas de preservação ambiental do município e que em conversa com o atual secretário de Meio Ambiente, a responsabilidade sobre a licença ambiental foi atribuída apenas ao Inema.

“É complicado senhor presidente, porque na nossa cidade é difícil as coisas acontecerem quando é pro progresso da cidade. Quando é uma tratativa que não edifica a nossa cidade, vem com uma rapidez, com uma velocidade. A exemplo disso, nós temos aqui esse complexo industrial, recentemente se falava que nós precisávamos fazer no Dambe aquele Centro de Referência, de lazer, de tantas coisas boas, mas nada foi feito até agora”, enfatizou.

O vereador ainda voltou a afirmar que, enquanto a maioria das indicações dos parlamentares não são atendidas, as comunidades tradicionais estão tendo que brigar para manter seus lares livres de contaminação e degradação ambiental.

“Quando uma pessoa dessas vem pro manifesto é porque ela está querendo se proteger. Pense que a gente luta aqui todos os dias, todas as horas pelas melhorias para o povo da cidade, mas é difícil acontecer, de repente, de uma hora pra outra aquilo que a gente não gostaria que acontecesse vem a acontecer na cidade. Então precisamos estar atentos, alerta, amanhã haverá uma audiência pública sobre o caso pra poder debater realmente os impactos que virão pra nossa cidade em um futuro próximo”, finalizou ele.

A audiência pública para discussão com a sociedade e representantes dos movimentos ambientalistas acontecerá a partir das 09h, na Câmara de vereadores.