Simões Filho: Yalorixá questiona entrega de Bíblias na Câmara de Vereadores e é vaiada pelo público presente


Como parte das celebrações dos 56 anos de emancipação política do município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, uma sessão solene para entrega de Títulos de Cidadão Simõesfilhense foi realizada na manhã desta terça-feira (07).

No início da solenidade, o cerimonialista da Casa Legislativa, que inclusive também foi homenageado com a honraria, José Honorato, informou que o vereador Alfredo Assis entregaria para cada novo Cidadão um exemplar da Bíblia Sagrada em forma de presente, como também ocorreu na sessão de posse do novo governo, em janeiro deste ano.

Entre os homenageados, a líder quilombola e representante das religiões de matrizes africanas, Bernadete Pacífico, que também acumula a experiência de chefe da Secretaria da Igualdade Racial na gestão anterior, recebeu o título através da indicação de número 205/2017 do vereador Sandro Moreira.

No momento do recebimento da placa do título de Bernadete, sua acompanhante e também representante da matriz africana, a Yalorixá Jaciara Ribeiro, quebrou o protocolo e pediu o uso da palavra, tendo esse direito concedido. Em sua fala, ela questionou o fato de o Estado ser laico e por isso entende a entrega das Bíblias como uma tentativa de negar as religiões alheias ao evangelho.

Para Jaciara, o ato caracteriza uma espécie de “Intolerância Religiosa”, já que a constituição exige que o Estado deixe de assumir qualquer tendência que penda para uma determinada denominação. No entanto, o público que lotou as dependências do salão especial da Câmara discordou de sua opinião e acabou vaiando sua fala.

Logo após o fim da sessão, seguidores do Candomblé utilizaram as redes sociais para demonstrar apoio a Yalorixá. “Solicitamos explicações de todos os envolvidos neste caso de agressão e intolerância religiosa. Não arredamos os pés de nossas lutas. Somos do Candomblé e continuaremos na luta”. Afirmou um internauta.

Durante uma coletiva de imprensa realizada na última segunda-feira (06), no distrito de Ilha de São João, o prefeito Diógenes Tolentino já havia rebatido críticas e se posicionado com relação ao fato de ser evangélico.

Na oportunidade Dinha disse que governa para toda a população, independente de religião. “Eu sou prefeito de mais 134 mil habitantes. Eu sou evangélico, mas não posso fazer um governo voltado só pra uma parte da sociedade, nós temos de atingir a todos e isso tem sido feito com muita maestria”, concluiu.