Vereador do RS culpa baianos pelo trabalho escravo em vinícolas: ‘Só sabem tocar tambor’


O vereador Sandro Fantinel de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, questionou nesta terça-feira (28), durante sessão na Câmara, as condições de trabalho análogo à escravidão em foram encontrados 207 trabalhadores em vinícolas na Serra Gaúcha, no estado, na sexta (24). A Polícia confirmou que 198 deles vieram de cidades da Bahia.

Sandro Fantinel culpa os empregados pelas condições em que foram encontrados. “Um agricultor me ligou e pediu para eu ver um alojamento onde ficam os trabalhadores temporários e não dava para entrar do fedor de urina, da imundície que eles deixaram em uma semana. E a culpa é de quem? O patrão vai ter que pagar o empregado para fazer limpeza para os bonitos? Temos que botar eles em um hotel cinco estrelas para não termos problema com o Ministério do Trabalho?”, questionou, antes de citar os baianos.

Em seguida, o vereador falou para as empresas agrícolas e aos agricultores não contratarem trabalhadores baianos. “Não contratem mais aquela gente lá de cima. Contratem argentinos. São limpos, trabalhadores, corretos e quando vão embora ainda agradecem pelo trabalho.”

Em sessão gravada, o vereador continua: “Nunca tivemos problema com um grupo de argentinos. Agora com os baianos, que a única cultura que eles tem é viver na praia tocando tambor, era normal que se fosse ter esse tipo de problema. E que isso sirva de lição. Que vocês deixem de lado esse povo que está acostumado com Carnaval e festa.”, continua.

“Se estava tão ruim a escravidão, porque eles não quiseram deixar a empresa? Vamos abrir o olho quando eles falam em ‘trabalho análogo a escravidão’”, finaliza.

O caso

Na quinta-feira (23), a Polícia Federal do Rio Grande do Sul encontrou os trabalhadores em uma situação degradante após três trabalhadores procurarem a unidade operação de Caxias do Sul para dizer que recém tinham fugido de um alojamento em que eram mantidos contra a vontade.

Segundo a PF, a empresa que mantinham os trabalhadores em condições análogas à escrividão tem contratos com diversas vinícolas da região, presta serviços de apoio administrativo e os trabalhadores teriam sido contratados para atuar na colheita da uva.

A polícia apurou no local que esses homens, a maioria da Bahia, eram recrutados nos seus estados de origem para trabalhar no Rio Grande do Sul. Ao chegar no estado, encontravam uma situação diferente das prometidas pelos recrutadores.

Além disso, relataram enfrentar atrasos nos pagamentos dos salários, violência física, longas jornadas de trabalho e oferta de alimentos estragados. Também disseram que eram coagidos a permanecer no local sob a pena de pagamento de uma multa por quebra do contrato de trabalho.

Ibahia