Quem pôde frequentar as dependências da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Simões Filho em seus “anos dourados” e contemplar o que era classificado como serviço de Excelência, hoje em dia experimenta uma verdadeira sensação de “terror” quando necessita de atendimento médico para si ou para algum ente querido na unidade de saúde.
Em apenas 1 hora de visita na unidade, na noite do último dia 21, a equipe de reportagem do Mapele News presenciou pessoalmente um aglomerado de situações que refletem a verdadeira situação de abandono, na qual a população está sendo submetida.
Para constatar a realidade dos fatos e a veracidade das informações aqui listadas não é difícil. Basta que o munícipe se disponha a entrar no local e permanecer por alguns poucos minutos, observando os acontecimentos, sem a prévia necessidade de fazer qualquer indagação.
As reclamações começam a partir da recepção. Muitas são as queixas de pacientes sendo mal recebidos pelas funcionárias que já iniciam o atendimento mal humoradas, provavelmente pelas péssimas condições de trabalho pelas quais são expostas.
Para preencher as ficha, as funcionárias precisam realizar o trabalho todo manualmente, tendo em vista que o sistema eletrônico não mais funciona ou estaria “fora do ar” como explicou a própria funcionária, que preferiu não se identificar por medo de sofrer represália.
Por este motivo, ao encaminhar as ficha para o consultório, a recepção não tem mais o controle específico de quem realmente deu entrada na unidade de saúde, deixando inclusive de transmitir informações sobre os pacientes aos familiares que eventualmente possam vir a procurá-los.
Também faltam maqueiros a noite e equipamentos que dêem suporte aos pacientes mais debilitados no momento em que desembarcam na entrada da UPA. Enquanto nossa equipe permanecia na recepção, uma senhora com uma garota praticamente desmaiada teve que ser ampara por nosso repórter, que se sentiu na obrigação de colocá-la na cadeira de rodas e ajudar a conduzi-la até a sala de triagem.
Outros pacientes se queixavam da falta do profissional especialista na área de ortopedia. Um garoto deu entrada na unidade com uma fratura no membro superior e precisou ser atendido pelo Clinico Geral, porque o Ortopedista não mais se encontrava no local.
E as irresponsabilidades não param por aí. Crianças e adultos recebendo nebulização na mesma sala apertada agora fazem parte do cotidiano no Pronto Atendimento. Faltam medicamentos e até mesmo a higiene do prédio não é mais realizada como antes.
Como se não bastasse, a farmácia popular que disponibilizava os remédios prescritos durante o atendimento para os pacientes serem medicados em suas residências, já não existe mais. De acordo com funcionários, as receitas só podem ser atendidas nos Postos de Saúde da Família (PSF), espalhados pelos bairros da cidade.
Se ficássemos descrevendo todos os pontos negativos que foram observados nestes breves 60 minutos de visita, certamente teríamos assunto para mais uma matéria. Mas o intuito deste relato consiste no anseio de chamar a atenção das autoridades municipais para a falta de cuidado com a qual a população mais carente do município tem sido tratada.
É sabido que o Sistema único de Saúde (SUS) em todo o Brasil nunca foi considerado o melhor em lugar nenhum do mundo, mas o mínimo de respeito e dignidade com a vida humana já são suficientes para melhorar a vida de qualquer cidadão.
Relembre a história da UPA referência em Simões Filho
Inaugurada em março de 2014, pelo Governo do Estado em parceria com a Prefeitura Municipal, durante a gestão do ex-prefeito Eduardo Alencar, a Unidade de Pronto Atendimento chegou a receber a visita do Ministério da Saúde, que a pontuou como a melhor da Bahia e qualificou ainda no padrão adotado pela Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA).
Ainda por ser considerada referência, cerca de um ano depois de sua inauguração a UPA/CIA também recebeu a visita da ex-prefeita de Jequié, Tânia Brito, que na oportunidade parabenizou o secretário da pasta, na época Alfredo Assis, pela alta qualidade nos atendimentos e equipamentos.
“Simões Filho está de parabéns. É importante entender o funcionamento de uma Unidade de Saúde que desenvolve o serviço com excelência, quem ganha é a população. A minha visita é para identificar a forma de trabalho de vocês, pois, tive informações positivas, e neste sentido poder também proporcionar o que há de melhor para o município de Jequié”, declarou Tânia Britto na ocasião.
A UPA de Simões Filho foi utilizada como parâmetro para a implantação por pelo menos três municípios do interior baiano.
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