“Sofro a dor da injustiça”, diz Dilma após afastamento


A presidente Dilma Rousseff (PT) se disse “injustiçada” por ser afastada do seu cargo por até 180 dias após decisão do Senado de dar continuidade ao processo de impeachment. “O destino sempre me reservou muitos desafios. Alguns pareceram instransponíveis. Já sofri a dor indizível da tortura, já sofri a angústia da doença, sofro mais uma vez a inominável dor da injustiça. O que mais dói é perceber que estão sendo vítima de uma farsa jurídica e política”, afirmou nesta quinta-feira (12), com a voz embargada.

“A maior barbaridade que pode ser imposta a um ser humano, é puni-lo por um crime que não cometeu. Condenar um inocente é uma injustiça e injustiça cometida é um mau irreparável”, complementou.

Apesar de demonstrar emoção, a petista se mostrou firme e tentou passar um discurso de esperança. Ela afirmou que não vai “esmorecer” e que pretende utilizar todos os artifícios legais para tentar voltar ao seu cargo.

Dilma deve ser julgada no prazo de até 180 dias no Senado. Caso seja considerada culpada, a petista será afastada definitivamente do cargo. Se for inocentada, retorna à Presidência.

Além de tentar provar sua inocência, a presidente chamou o povo a ir às ruas para “lutar pela democracia”. “Faço um chamado mantenham-se mobilizados e unidos. A luta pela democracia não tem data para terminar. A luta contra o golpa é longa, pode ser vencida e nós vamos vencer”, disse.

Pedaladas
Durante seu discurso, Dilma negou que tenha cometido crime de responsabilidade fiscal. “Posso ter cometido erro, mas não cometi crime. Estou sendo julgada por ter feito tudo o que lei me autorizava a fazer. Foram atos legais e necessários, idênticos aos praticados por todos presidentes que me antecederam”.

Dilma voltou a falar em golpe e afirmar que foi perseguida politicamente. De acordo com ela, a oposição não aceitou as derrotas nas urnas e buscou caminhos para tirá-la do poder.

“Desde que fui eleita, a oposição pediu recontagem de votos, tentou cancelar as eleições e depois mergulharam o país em um estado permanente de instabilidade política para tomar o poder a força. Eu estou sendo alvo de uma intensa e incessante sabotagem para me impedir de governar e assim forjar o meio propício de um golpe”.

Dilma ainda chamou a gestão do presidente interino Michel Temer (PMDB) de um “governo sem voto” e afirmou que isso vai causar mais instabilidade na economia e pode prejudicar o país, colocando em riscos os programas sociais.

*A Tarde