A novela política que movimentou o Brasil nos últimos dez meses entra em sua reta final, hoje, quando o Senado inicia o último julgamento do processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff (PT). A partir das 9h, caberá aos 81 parlamentares da Casa decidir se a petista perderá ou não o cargo pelos crimes de responsabilidade de que foi acusada.
De um lado, aliados de Michel Temer (PMDB) apostam em 61 votos para empossá-lo definitivamente na Presidência. Do outro, a tropa liderada pelo PT espera uma reviravolta capaz de reverter a derrota. No meio, o muro montado em frente ao Congresso para dividir manifestantes dos dois grupos. Mas até o veredito do Plenário, serão seis dias de suspense e disputa, com ingredientes típicos da crise: discursos inflamados, bate-boca, manobras, conchavos e, claro, eventuais traições.
Dilma: julgamento final (Foto: Divulgação) |
Sob comando do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, o julgamento será dividido em capítulos. Na cena de abertura, ainda nas primeiras horas da manhã de hoje, os senadores terão cinco minutos para apresentar questões de ordem sobre a tramitação do processo.
Os parlamentares contrários aos questionamentos poderão usar o mesmo tempo para se manifestar, antes que Lewandowski decida se acata ou rejeita os pedidos. Independente da resposta, ela não poderá ser objeto de recurso ao plenário. Encerrada essa etapa, começa a fase dedicada ao depoimento das oito testemunhas convocadas – seis de defesa e duas de acusação.
Pelo rito definido entre Lewandowski e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), as testemunhas vão depor individualmente. Cada parlamentar terá direito a três minutos para dirigir perguntas a elas, que devem responder às indagações pelo mesmo tempo, com espaço para réplica e tréplica em igual limite.
Já os responsáveis pela defesa e acusação podem interrogar cada testemunha por seis minutos, prazo também concedido para as respostas. Réplicas e tréplicas ficarão limitadas a quatro minutos. Como é esperada participação grande de senadores nos interrogatórios, fora intervalos a cada quatro horas de sessão, a previsão de Lewandowski é de que os depoimentos se estendam pelo fim de semana. No entanto, o presidente do STF quer concluir essa etapa até a madrugada do sábado.
Clímax
Um dos pontos altos do julgamento está marcado para a próxima segunda-feira. Nesse dia, Dilma sentará no banco dos réus no Senado. Entre os aliados da petista, há expectativa de que a presidente afastada mantenha o tom emocional em sua exposição de 30 minutos. A senha foi dada por ela, anteontem, durante ato organizado por apoiadores do PT em São Paulo.
Em Brasília, foi montado um muro na frente do Congresso para dividir manifestantes (Foto: Elza Fiuza/ABr) |
Na ocasião, Dilma disse que iria confrontar os acusadores não por causa de seus “belos olhos”, mas por acreditar na democracia. “Quem lutou contra a tortura, contra um câncer, agora vai lutar em qualquer disputa. Se considerarmos que a democracia é uma árvore, este golpe parlamentar é como um ataque de parasitas, que assumem lentamente o controle dessa árvore”, emendou.
Quando terminar o discurso inicial, Dilma será interrogada pelos senadores, advogados de defesa e de acusação, além do próprio presidente do STF. Cada um terá cinco minutos para fazer perguntas, mas não há limite de tempo para as respostas da petista, que ainda possui direito de permanecer calada. Em seguida, defensores e acusadores iniciarão o debate, com uma hora e meia para ambos os lados, além de direito à réplica e tréplica
Última cena
Na sessão de terça-feira, começa o derradeiro capítulo do julgamento do impeachment. Começa com discursos de dez minutos para cada senador inscrito. Quando todos tiverem falado em plenário, o presidente do Supremo encaminha a votação e abre espaço para pronunciamentos de dois parlamentares contra e dois a favor de Dilma.
Lewandowski conduz processo de impeachment (Foto: Agência Senado) |
É nessa hora que os destinos de Dilma e Temer, protagonistas da novela política, começarão a ser definidos. Pelo microfone, Lewandowski perguntará: “Cometeu a acusada os crimes de responsabilidade que lhes são imputados e deve ser condenada à perda do seu cargo, ficando, em consequência, inabilitada para o exercício de qualquer função pública pelo prazo oito anos?”. Logo depois, os senadores registram os votos. Se o painel eletrônico apontar ao menos 54 contra Dilma, adeus Presidência. Caso contrário, quem dirá isso é Temer. Com informações do CORREIO.
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