Em entrevista concedida ao Mapele News na manhã da última quarta-feira (22), o secretário de Habitação João Leal, voltou a falar sobre as dificuldades enfrentadas à frente da Secretaria, sobretudo no que diz respeito ao Programa Habitacional Minha Casa Minha Vida (MCMV), que na gestão anterior entregou quase 7 mil moradias no município de Simões Filho.
Em uma de suas falas João revelou que alguns moradores estão se aproveitando das unidades ainda não ocupadas para fazer negociações ilícitas. “Tem pessoas aqui que estão indo nos conjuntos habitacionais onde tem apartamentos fechados, passam pra lá e pra cá, perceberam que não tem ninguém, vão lá e trocam o miolo das fechaduras e estão negociando os apartamentos, a gente já viu vários casos”, revelou o secretário
Não bastasse isso, o chefe da pasta afirmou também que tem sido comum a presença de pessoas não contempladas pelo programa, chegarem a ele com tom de ameaça, querendo respostas imediatas sobre a situação do cadastro.
“Eu me sinto ameaçado todos os dias aqui e tenho que ter “jogo de cintura”. Chegou um cara aqui com dois metros de altura, e disse vim ver qual é a situação da minha casa, eu pesquisei e ele tinha sido programado pro Universitário 1, depois pro Alvorada e no fim das contas pra lugar nenhum. Ai eu pesquisei e o cadastro dele estava aprovado, mas como reserva. Ele saiu daqui e eu sai atrás dele, quando chegou ai fora tinha três cidadãos parados aguardando no estacionamento, e ele disse vamos embora que já está tudo resolvido”, relatou.
Enquanto isso, o ex- vereador afirma que algumas unidades continuam sem contratos, porque foram apuradas situações de pessoas que participaram do sorteio mais de uma vez, o que foge dos critérios do programa.
“Nós temos aqui um resíduo de imóveis que nós depuramos diante do trabalho que estamos fazendo, alguns casos que a gente resgatou de pessoas que já tinham sido sorteadas uma vez e que participou do sorteio por negligencia da Caixa ou por maldade de alguém que infelizmente ofereceu o nome da pessoa novamente e simplesmente botaram na lista. Como eu não tinha esse aparato de informação, eu tive que fazer um banco de dados, que eu fui pegando gradativamente e têm pessoas sorteadas duas vezes” disse ele.
Além desta irregularidade, João aponta para o fato de negligencia na fiscalização do empreendimento, e que de acordo com ele, o município pode ter sido privilegiado em algum momento do processo.
“Não foi feito trabalho social, não foi entrevista, não foi feito pesquisa nem nada. Tanto é que os trabalhos sociais a gente vai fazer agora, com atraso. Não foi dada a atenção e o respeito para com o projeto no nosso município. Inclusive eu não consigo entender por que o tratamento em Simões Filho foi diferente de Camaçari, de Salvador, de Feira de Santana. Aqui não foi obedecido critério nenhum, porque a gente percebe que algumas pessoas que tem imóveis que foram contempladas, pessoas que tem renda e que foram contempladas, tem pessoas que tem empresa registrada com CNPJ e foram contempladas”, salientou.
Após confirmar algumas suspeitas levantadas pela população, o secretário orienta os cidadãos a exigir esclarecimentos, sobretudo às pessoas que se sentiram lesadas de alguma forma. “O que passou a gente não pode mexer a não ser que a população denuncie e a Caixa que é a proprietária dos imóveis resolva entrar com uma ação no Ministério Público Federal para apurar estas questões de irregularidades” afirmou João.
Perguntado sobre a expectativa para o futuro, segundo o secretário já estão sendo encaminhados dois novos projetos habitacionais, um voltado para a zona rural e o outro referente a segunda faixa do MCMV, onde serão contempladas pessoas com renda superior a 3 salários mínimos.
Estamos agora buscando em cima desta demanda o empreendimento faixa 2, que é pra quem ganha de R$ 2500 a R$ 9000. Nós temos hoje no nosso município condição de ter empreendimentos deste nível porque, além de ter muitos cadastros reprovados por renda superior, tem também funcionários públicos e outros gerentes de banco, empresários que tem condições de pagar por empreendimentos com qualidade melhor”, finalizou.
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