Terminada a compilação dos resultados das eleições deste ano, as rodas políticas voltaram-se para as eleições de 2018. Embora ainda seja prematura qualquer análise mais aprofundada de cenário concreto devido à quantidade de variáveis em jogo, de início já há movimentações para consolidar dois agrupamentos políticos baianos que tendem a manter a dicotomia DEM-PT no próximo pleito.
Neste sentido, os quatro espaços existentes nas chapas vão sendo disputados desde agora. Exato, no pós-eleição, os caciques partidários mandam recados para ACM Neto (DEM), reeleito prefeito de Salvador, e Rui Costa (PT), governador do estado. Os dois respondem que esta não é a hora e soltam as rédeas para os interessados correrem atrás de viabilidade política.
Nos bastidores corre que a chapa de Rui Costa deve ser formada por ele próprio, o ex-governador Jaques Wagner, que tem assegurada a do Senado, desde que possa disputar e queira. Esta é uma variável ainda fluída e que ninguém arrisca cravar.
Sobre Otto Alencar, que está na primeira fase do seu mandato de oito anos, a decisão dele próprio gira em torno de uma possível candidatura ao Palácio de Ondina. As conversas da rádio corredor dão conta que pode desembarcar do governo. O desempenho eleitoral do PSD nas cidades o credenciam a tomar quaisquer decisões que deseje neste cenário. Para além, as pressões em Brasília, onde o partido está alinhado ao governo Michel Temer (PMDB), não cessam, portanto, é esperar para ver se continuará no espectro político do PT. Ele diz que fica.
Outros três nomes disputam espaços na chapa governista: João Leão, cacique do PP baiano, é o vice-governador e quer manter o espaço. A senadora Lídice da Mata tem serviços prestados durante todo o período em que está na Casa Alta do Congresso Nacional e, principalmente, durante a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Fechando esta lista está o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo (PSL). Em seu quinto mandato como chefe do Palácio Luís Eduardo Magalhães, Nilo tentará se manter na cabeceira da mesa-diretora por mais dois anos e a lealdade ao governo petista não é algo que pode ser questionado neste período que envolve os dois governos Jaques Wagner e este primeiro biênio de Rui Costa.
Neto — Do lado do prefeito ACM Neto a composição também está sendo formada. O cenário é tão complexo quanto o da base governista e o exercício é o da futurologia respaldado no disse-me-disse político e nos movimentos das lideranças de cada partido aliado.
Ao se reeleger com 74% dos votos, em primeiro turno, Neto se consolida como a principal força política anti-petista no estado. A chapa de 2018, admitindo que ele, de fato, será o cabeça – existe a possibilidade de um convite ser feito para que ele seja candidato à vice-presidência da República em 2018 ou ainda se mantenha no comando da prefeitura (remota) – quatro partidos disputam as três vagas restantes.
O PMDB teria o ministro-chefe da Secretaria de Governo de Temer, Geddel Vieira Lima ou seu irmão, deputado federal Lúcio Vieira Lima, como um dos postulantes ao Senado.
O PSDB travará uma batalha entre os deputados federais Jutahy Magalhães e Antônio Imbassahy pela outra vaga do Senado, contudo, o PRB em ascensão nacional deseja este mesmo espaço e neste caso a deputada federal Tia Eron será o nome posto à disposição.
A vice também pode ficar entre os tucanos e o partido ligado à Igreja Universal. Correndo por fora nesta conjuntura está o PDT de Félix Mendonça. O deputado federal fez diversos gestos em direção a ACM Neto, chegou a pular para o barco do democrata, mas foi “convencido” a desembarcar retornando para os braços do Palácio de Ondina.
Este é o retrato deste momento na cozinha da política baiana. Os temperos são perecíveis e as especiarias serão utilizadas para tentar manter a validade, tamanho e, portanto, o lugar de fala na sala central onde as decisões serão tomadas.
Tudo isso, apenas em 2018. Não se esquecendo que outra minirreforma política virá neste meio de caminho.
Por Luiz Fernando Lima
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