Presidente do Haiti deixa o cargo e pede união


O presidente do Haiti deixou neste domingo (7) o cargo, no fim do mandato, e pediu unidade para ultrapassar as dificuldades que enfrenta o país mergulhado numa crise eleitoral que impossibilitou a eleição de um novo chefe de Estado.

“Hoje é um dia difícil, mas temos que estar unidos para enfrentar as dificuldades. Somos um povo corajoso, honrado e com uma história importante para o mundo”, disse Michel Martelly, na última vez que compareceu no Congresso Nacional, encarregado agora de nomear um governo provisório.

Na mensagem, Martelly pediu aos haitianos que abandonem o caminho da violência, que “não leva a nada”, e agradeceu a missão que lhe foi confiada pelos haitianos a 14 de maio de 2011.

“É um trabalho muito difícil, que realizei com honra e estou feliz com o meu trabalho”, disse. Martelly acrescentou que a missão de mudar o país “não é fácil”, mas tem de continuar “com determinação para um futuro melhor”.

“Nestes cincos anos dei tudo para ajudar o meu país a se desenvolver- e a entrar na modernidade”, garantiu.

“Desde o terramoto (de janeiro de 2010) que queria servir o meu país, cinco anos depois estou pronto para me apresentar perante o tribunal da História”, sublinhou.

Martelly afirmou ser necessário “lutar contra a demagogia e o espírito de violência”, acrescentando não pretender sair do país.

“Não vou a lado algum, vou ficar aqui, no meu país, sou o filho de Jean Jacques Dessalines, Alexandre Petion, Capois La Mort”, declarou.

O executivo e o parlamento haitianos concordaram no sábado formar um governo provisório, com um mandato de 120 dias que deverá organizar eleições a 24 de abril. O presidente eleito deverá tomar posse a 14 de maio.

O acordo estabelece também a escolha de um novo presidente “nos próximos dias” pelo Congresso Nacional, o parlamento bicameral do Haiti.

A oposição rejeitou este acordo por não estarem contempladas as suas exigências, com destaque para a formação de uma comissão para investigar as irregularidades cometidas na primeira ronda das presidenciais, de 25 de outubro passado, e que desencadearam a atual crise.

A segunda volta das presidenciais estava prevista para 24 de janeiro, mas foi adiada dois dias antes pelo Conselho Eleitoral Provisório (CEP) devido à violência no país, que causou pelo menos quatro mortos.

Na primeira volta, os candidatos que obtiveram mais votos foram Jovenel Moise, do Partido Haitiano Tet Kale (PHTK, no poder), e Jude Celestin, da Liga Alternativa para o Progresso e Emancipação Haitiana (LAPEH, oposição).

Celestin recusou participar na segunda volta devido “às graves irregularidades” no processo eleitoral.

Os haitianos assinalam neste domingo (7) o 30.º aniversário da queda da ditadura do falecido presidente Jean-Claude Duvalier.

Notícias ao Minuto