O suspeito de matar o idoso José Esídio Dias, no Quilombo Rios dos Macacos, em Simões Filho, foi identificado pela Polícia Civil. A informação foi confirmada nesta terça-feira (10), entretanto a corporação informou que não pode divulgar mais detalhes, para não atrapalhar as investigações.
O caso é investigado pela 22ª Delegacia Territorial (DT), de Simões Filho. José Esídio Dias, conhecido como Seu Vermelho, de 80 anos, foi encontrado morto no dia 25 de novembro. Segundo a polícia, o corpo dele foi achado depois que vizinhos viram a casa aberta e desconfiaram. O idoso estava em cima da cama e o corpo tinha sinais de perfuração.
No dia do enterro de Seu Vermelho, familiares e demais moradores do Quilombo relataram preocupação com a segurança, pois José Esídio revelou a família ter recebido ameaças.
Nesta terça-feira, um morador que preferiu não se identificar, informou que após a morte de Seu Vermelho, pessoas não identificadas têm batido nas portas dos moradores e invadido a área dos imóveis. Teve gente ainda que relatou ter visto o cano de uma arma na fresta de uma janela.
“Já tem muito tempo que a gente não dorme mais à noite. Tem gente que está abandonando suas casas à noite. Violência completa. Isso não é de agora. Parou por um tempo, mas depois da morte de Seu Vermelho, voltou. As crianças daqui não têm paz. Já vimos pessoas encapuzadas, mas não temos coragem de escancarar a porta, não conseguimos ver os rostos, não sabemos quem são. A qualquer momento vai ter mais morte. Seu vermelho falava muito das coisas que aconteciam na casa dele e ninguém ouvia”, contou.
O morador disse que já conseguiu registrar algumas ameaças na delegacia da cidade, mas que não há solução dos casos.
“Quando conseguimos é porque estamos na companhia de um advogado. Eles [os policiais] já pediram para abrir a janela para ver o rosto das pessoas, ou seja, vamos abrir nossas portas para ver quem vai nos matar. Quem está vindo quer matar, não quer brigar”, disse.
A Polícia Civil informou que não há registro sobre ameaças na unidade. O morador que não se identificou revelou que, de fato, não registrou as últimas ocorrências na delegacia pois está com medo.
Momento em que quilombolas pediam pela demarcação de território e lamentavam mortes no local — Foto: Gabriel Gonçalves/G1
O Quilombo Rio dos Macacos é conhecido pela resistência na região metropolitana. Cerca de 85 famílias moram na comunidade.
As terras são alvo de disputa com a Marinha do Brasil há pelo menos seis anos. O órgão, inclusive, controla a entrada na região.
Em 2014, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) delimitou a área, e em 2015, depois de longa disputa judicial, parte da área foi reconhecida como sendo dos quilombolas.
No ano passado, o Quilombo recebeu representantes da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), com o objetivo de garantir os direitos humanos da população no local, além de colher relatos.
G1 Bahia.
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