O planeta está próximo de atingir 5 pontos de não retorno. Isso pode causar catástrofes ambientais irreversíveis. O aquecimento global é um dos principais fatores, de acordo com cientistas. Podem acontecer o colapso de corais de águas quentes, o degelo do permafrost e o derretimento de grandes porções de gelo no Ártico e na Antártida.
Esse levantamento foi feito por um estudo de pesquisadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido, e financiado pelo Fundo Bezos Earth, do empresário norte-americano Jeff Bezos.
Entre os problemas citados no estudo, estão a situação dos corais de águas quentes. No total, o relatório descreve 26 pontos de inflexão, mas os mais dramáticos são cinco. Um estudo de 2020, publicado pela Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral (GCRMN), mostrou que o mundo perdeu cerca de 14% de seus recifes de coral desde 2009. Este relatório se baseou em dados coletados em mais de 12 mil locais de coleta em 73 países ao longo de um período de 40 anos, entre 1978 e 2019.
Os corais de águas quentes são ecossistemas altamente sensíveis às mudanças climáticas e vulneráveis ao aumento da temperatura da água e à acidificação dos oceanos. Eles estão localizados em áreas ao redor do equador onde a água é mais quente. Além disso, eventos moderados e severos de branqueamento estão acontecendo de forma mais recorrente nos últimos anos.
Isso acontece por causa do aumento da temperatura da água, causado pelo aquecimento global, que faz com que os corais expulsem as algas simbióticas que vivem em seus tecidos, resultando na perda da coloração que ameaça a saúde dos recifes.
O segundo problema está relacionado à Circulação do Atlântico Norte. Como cerca de 90% do calor global está armazenado nos oceanos, as mudanças nessas correntes influenciam o clima em diversas regiões do globo.
Alguns estudos indicam que já está acontecendo uma desaceleração de 15% no sistema de correntes atlânticas desde meados do século XX, principalmente na corrente do Giro Subpolar do Atlântico Norte, localizada perto das costas da Groenlândia e Labrador.
Em 2023, a Groenlândia perdeu gelo pelo 27º ano consecutivo. Além disso, o derretimento foi alto em julho, com chuvas e neve acima do normal na primavera e início do verão no Hemisfério Norte.
De acordo com o IPCC, tanto no Giro Subpolar, no Mar Labrador e nos Mares Nórdicos, foram observadas grandes mudanças na salinidade que foram associadas a alterações nas entradas de água doce (derretimento do gelo, circulação oceânica e escoamento fluvial).
O terceiro problema se relaciona ao Manto de gelo da Groenlândia. De acordo com o G1, Francyne Elias-Piera, PhD em Ciência e Tecnologia Ambiental pela Universitat Autònoma de Barcelona, afirma que as correntes atmosféricas e marinhas estão mais quentes. Por isso, quando atingem áreas como a Groelândia, causam o derretimento do manto de gelo. E esse é um processo muito importante no nível do mar, podendo atingir proporções preocupantes.
Os pesquisadores citam no relatório que se o manto de gelo da Groenlândia se desintegrar, pode levar a mudança abrupta na Circulação Meridional Atlântica, corrente crucial que fornece a maior parte do calor à Corrente do Golfo. Esse evento pode intensificar o fenômeno El Niño, que já está trazendo diversas transformações no clima nos últimos meses.
O quarto problema está relacionado ao Manto de gelo na Antártida Ocidental. Como evidenciado pelo recorde de menor extensão do gelo marinho em julho de 2023. Isso também é resultado do aquecimento global, que está fazendo a água do oceano aquecer e o gelo derreter.
O quinto e último problema, é o Permafrost, solo congelado do Ártico. O descongelamento desse solo, que cobre cerca de 23 milhões de km² no norte do planeta, não é visível com facilidade, pois fica abaixo da superfície.
Um aumento de 3 graus Celsius nas temperaturas globais pode derreter cerca de 30 a 85% das camadas superiores de permafrost no Ártico, causando danos à infraestrutura e mudanças irreversíveis nas paisagens e ecossistemas únicos do mundo.
Matéria: A TARDE
Deixe seu comentário