Pesquisa revela que uma a cada três mulheres relatam ter sofrido violência no último ano


Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha revelou que uma a cada três brasileiras relataram ter sido espancada, xingada, ameaçada, agarrada, perseguida, esfaqueada, empurrada ou chutada nos últimos 12 meses. As entrevistas do levantamento ‘Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil” ouviu brasileiras a partir de 16 anos, em todo o país, a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Entre as ouvidas, 29% afirmaram que sofreram violência física, verbal ou psicológica no ano passado; 503 mulheres foram vítimas de agressões físicas no Brasil a cada hora e dois em cada três brasileiros (66%) presenciaram uma mulher sendo agredida física ou verbalmente no mesmo período.

Por outro lado, mulheres negras (32%) e paradas (31%) sofreram mais violência no ano passado em relação às brancas (25%). A diferença aparece também quanto ao assédio: 89% das mulheres negram relataram terem sido alvo de comentários desrespeitosos ou contatos físicos, ante 35% das mulheres brancas. “Esse dado traz as marcas estruturais do racismo ainda presentes na sociedade brasileira. O corpo da mulher negra é mais facilmente sexualizado, deixando-a mais vulnerável à violência”, ressaltou Juliana Gonçalves, organizadora da Marcha das Mulheres Negras.

 “A mulher mais jovem tem tido mais acesso a informação e já reconhece determinados gestos, como beijo forçado ou assédio no transporte público, como formas de violência que vão além do bater ou agredir fisicamente”, explicou a socióloga especializada em violência contra a mulher, Wânia Pasinato.

Apesar do acesso e até mesmo do debate público intenso após aprovação da Lei Maria da Penha em 2006, 52% das mulheres entrevistadas que relataram agressões não fizeram nada a respeito da violência sofrida. Entre as demais que tomaram alguma medida, a maioria procurou ajuda da família (13%) e apoios dos amigos (12%), 11% buscaram uma delegacia da mulher, enquanto 10% registraram o caso em uma delegacia comum.  Outras 5% das vítimas recorreram à igreja que frequentam.