Morador de Brotas doa 50 mil livros para distribuição gratuita na Flica, em Cachoeira


Ontem, na casa número 12, da Rua Teixeira de Barros, em Brotas, um caminhão era abastecido com uma carga valiosa. Na manhã desta quarta-feira (12), o carregamento de 50 mil livros está sendo transportado para Cachoeira, no Recôncavo, para ser distribuído gratuitamente durante a 6ª edição da Festa Literária internacional de Cachoeira (Flica).

Fundado há 18 anos, pelo ex-escoteiro Lázaro Planzo,  54, o projeto Ler na Praça reúne 100 mil volumes que são distribuidos gratuitamente  para quem tiver interesse em literatura (Foto: Almiro Lopes/ CORREIO)

A ação faz parte do projeto Ler na Praça, fundado há 18 anos pelo ex-escoteiro Lázaro Planzo, 54. “O caminhão vai na frente e eu vou de carro, fazendo uma trilha literária, distribuindo livros por mais de 30 pontos no caminho para Cachoeira”, contou ele.

A esposa, Rosélia Sandes, 39, lembra que no ano passado não deu para quem quis: “Fomos com três kombis só de livro, e não deu pra todo mundo”. A trilha literária inclui cidades como Simões Filho, Candeias, São Sebastião e Santo Amaro.

Entre o acervo, o público encontra obras de Jorge Amado
e do Padre Antônio Vieira (Foto: Almiro Lopes/ CORREIO)

Na casa de Lázaro, o acervo de mais de 100 mil volumes tem edições raras e também sucessos. Todos foram doados a ele, que repassa a qualquer um que passe por lá.  A estudante Débora Cristina, 20, se prepara para o vestibular e sempre vem pegar livros no vizinho. “Aqui tem mais variedade que qualquer livraria”, brinca.

E pensar que tudo começou com uma boa ação exigida pelo chefe dos escoteiros. “Como escoteiros, sempre temos que fazer uma boa ação, e um dia sonhei com meu chefe me cobrando isso. Eu tinha várias revistas em casa e distribuí para as pessoas na praça, depois comecei a comprar livros e então vieram as doações”, explica.

Com tantas opções à mão, Lázaro não esconde que seus preferidos são os épicos e filosóficos. “Gosto de ler coisas de antes de Cristo: Sócrates, Platão… Pra mim, livro bom é o que me faz chorar”.

O projeto Ler na Praça é registrado no Ministério da Educação, mas ainda não tem nenhum apoio governamental. “A minha maior dor são os poderes públicos não fazerem esse tipo de política”, reclama Lázaro, que mantém a iniciativa através de editais e da renda própria. Com apoio,  tudo mudaria. “Poderia catalogar e guardar em local apropriado”, lamenta.

Apenas das dificuldades, Lázaro Planzo se declara um homem milionário. “Eu sempre gostei de ler, mas não tinha dinheiro para comprar livros. Hoje leio todo tipo de coisa sem pagar nada e ainda dou para os outros”.

Cerca de 50 mil títulos, metade do acervo de Lázaro, serão doados na 6ª edição da Flica, em Cachoeira (Foto: Almiro Lopes/ CORREIO)

 

*CORREIO 24h