Quem vê os cerca de 1,60m de altura, cabelo estilo “Neymar” e rosto de menino, certamente não imagina que o soteropolitano, Anderson Paim Alves 25 anos, ganha a vida soltando a voz onde quer que haja um espaço disponível para a apresentação do “Show das Ruas Oficial”, nome que ele próprio deu para o seu trabalho.
Com uma infância sofrida, O morador de Simões Filho município na Região Metropolitana de Salvador, já penou muito, apesar do pouco tempo de vida. “Já morei em orfanato, sei o que é sofrimento. Isso me ajuda a manter os pés no chão”.”.
Irrequieto, característica daqueles que tiveram que aprender desde cedo a encontrar os próprios caminhos, Anderson já fez um pouco de tudo. Foi motorista, vendedor ambulante, tinha que usar toda a sua lábia para convencer o público a comprar balas, doces, canetas.
Hoje, ele ainda tem a voz como instrumento de trabalho e poucos segundos de atenção para provar que merece continuar a ser ouvido. E toda essa história começou com os seus amigos. “Cantava muito em karaokê e as pessoas começaram a dizer que eu levava jeito pra coisa”.
Impulsionado por esse estímulo, Anderson passou a investir na sua carreira artística. Com um caixa de som, um microfone nas mãos e muita coragem, começou a percorrer todo o estado. “Toco em ônibus, bares, feiras livres. Onde tiver um evento, eu abraço a oportunidade”. Confira vídeo:
Em Salvador, ele é encontrado em bairros boêmios como o Rio Vermelho e o Imbuí. E se o show agradar, o “cliente” ainda pode comprar uma apresentação exclusiva. São R$ 50 por 25 minutos de show particular. “Faço esse trabalho na noite, para vender os meus CDs. Não são apresentações de fato. Quando alguém gosta e pede pra eu ficar na mesa, ofereço o serviço a essa pessoa”.
Já são quatro discos lançados desde 2012, com canções que falam de amor e romance. Os ritmos da moda, arrocha e sertanejo universitário, dão o tom das músicas cantadas a plenos pulmões. O cantor diz que o trabalho é muito bem aceito:
“Já passei por muitas dificuldades na noite, claro, mas a maior parte das histórias é positiva. É raro ter problemas hoje em dia. A maioria da pessoa elogia, gosta e até paga para que eu fique um pouco mais”.
Além das apresentações individuais, ele também é vocalista de uma banda que leva o seu nome. Quando questionado sobre o faturamento, Anderson desconversa. “Atualmente, vivo só disso, mas sobre dinheiro é complicado falar. Hoje eu te digo um valor e amanhã estão querendo me assaltar. Mas o faturamento depende muito do dia”.
Quando pensa no futuro, ele pretende continuar a viver de sua música, mas mira o sucesso “nacional”, como o próprio artista define. Para isso, mais projetos vêm por aí. “Estou trabalhando em um novo projeto, uma nova música e pretendo gravar um videoclipe, mas não posso falar muito por enquanto. É surpresa”.
Enquanto esses dias não chegam, o garoto dos pés no chão, citado no início do texto, volta os olhos para a realidade. “Continuo na luta, carregando a minha caixa de som nas costas”.
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