O novo comandante da 22ª Companhia Independente de Policia Militar (CIPM), Major Fábio Dias, convocou uma coletiva de imprensa, realizada na última sexta-feira (10) entre os principais veículos de comunicação do município de Simões Filho, com o intuito de apresentar uma prévia das ações que o novo comando pretende desenvolver para combater os altos índices de criminalidade no município.
Na oportunidade, o major demonstrou uma grande disposição em manter uma relação harmoniosa tanto com a mídia local quanto com a população em geral, já que para o comandante, o enfrentamento da violência deve acontecer a partir da união entre forças policiais, autoridades públicas e sociedade.
“A PM precisa estar mais próxima da comunidade, e as primeiras medidas já estão sendo tomadas, do ponto de vista da descentralização do poder. Nós já sentamos com o poder público, fechamos parceria, mas queremos deixar claro que a PM é do povo, e embora tenhamos que estar alinhados com a prefeitura, eu quero ter aqui esta independência”, disse ele.
De acordo com o Major Dias, em sua estratégia de gestão serão adotados 3 pilares que envolvem as ações de prevenção da criminalidade, o diálogo entre a PM e a população local e por fim a força policial, que só deve ser acionada em última estância.
“Eu sou um profissional de segurança pública com vinte e sete anos de experiência dedicados a Policia Militar e trabalho dentro de um programa de governo chamado Pacto Pela Vida, que a gente vai trazer esta realidade para o município. A policia tem que ser a última malha de contenção social, antes disso, tem que entrar aí projetos de contenção social nas comunidades carentes, pra evitar que o traficante ocupe espaço”, completou.
Fábio Dias ainda enfatizou que a criminalidade toma conta das comunidades porque muitas vezes o traficante exerce o papel do poder público, trazendo alguns benefícios para os moradores mais necessitados que acabam sendo coagidos a conviver pacificamente com os criminosos, dificultando o trabalho da policia.
“É preciso evitar que o traficante chegue na hora e diga tome um remédio, tome isso, tome aquilo e fazer o papel do serviço público. Nós precisamos trabalhar junto as lideranças comunitárias, com o poder público envolvido, abrindo as escolas nos finais de semana, oferecendo serviços em parceria com a polícia e não agir ali só com tiros, porque a policia fica mal vista pela comunidade”, afirmou.
Questionado sobre a violência que massacra a população local nos últimos meses, Dias afirma que 90% dos casos de homicídios estão diretamente ligados ao tráfico de drogas e revela os bairros da cidade em que a guerra do tráfico tem ceifado maior quantidade de vítimas.
“Olha, eu estou há apenas 20 dias no comando da Companhia, mas já identifiquei um grande número de ocorrências nos bairros de Fazenda Nova, Paulo Souto, Ponto Parada, Coroa da Lagoa e Riacho Doce. Nestas localidades existem grupos de marginais que disputam a hegemonia do tráfico de drogas no município”, salientou ele.
Conforme colocado pelo major, a guerra pelo tráfico de drogas é um problema que atinge o país inteiro e não tem como ser completamente eliminado, mas cabe a Policia Militar o papel de prevenção da criminalidade, para minimizar os índices de violência.
“Essa guerra das droga nós já perdemos. Enquanto houver consumidor, vai ter oferta. Agora, nós precisamos manter um certo controle, porque as pessoas não entendem que o papel da PM é prevenir a ocorrência, depois que o crime ocorre aí o trabalho de investigação e punição dos envolvidos passa a ser da Policia Civil”, afirmou.
Ainda conforme relato do comandante, seu maior desafio hoje é o numero reduzido de policiais em serviço, que em Simões Filho são em média 160 PMs e que uma das providências a serem tomadas para que a tropa exerça sua função com mais empenho e força de vontade é o resgate da auto estima e a valorização de cada soldado.
Dias disse que no pouco tempo que vem atuando no município já teve conhecimento das pessoas dignas que residem aqui e sabe que a maioria dos envolvidos nos quadros de violência são pessoas humildes, quase sempre vitimizadas pela desigualdade social.
“O povo de Simões Filho é gente humilde, mas é gente do bem. Os criminosos que atuam na cidade, muitas vezes são meninos, jovens que em algum momento no passado se perderam, muitas vezes não tiveram a presença devida da figura paterna ou materna, em algum momento a educação falhou, faltou a religiosidade. O primeiro passo é colocar cada tenente em seu terreno, estabelecendo contato com as lideranças pra gente resgatar a auto estima dessas comunidades”, finalizou.
Deixe seu comentário