O ex-governador da Bahia, Roberto Santos, faleceu na tarde desta terça-feira, 9, aos 94 anos, em Salvador. Ele estava internado há duas semanas em um hospital particular da capital baiana para tratar de problemas renais e chegou a ser internado na UTI do Hospital Aliança.
Com participação expressiva em diversas instituições e esferas da cultura, da ciência e da política, Roberto Santos deixou um legado inestimável à Bahia e ao Brasil. Uma trajetória impecável, marcada por trânsitos em diferentes domínios, desde a política à música. Roberto foi dos principais defensores da ciência, da tecnologia e da inovação como ferramentas capazes de transformar a vida em sociedade. Por onde passou, Roberto Santos deixou frutos que ficaram e o eternizaram na história da Bahia e do país.
O ex-governador inaugurou o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), construiu o antigo Centro de Convenções da Bahia, inseriu os Centros Sociais Urbanos (CSUs) no estado, foi membro da academia Baiana de Letras e da Academia Nacional de Medicina, reestruturou e ampliou instalações e prédios da UFBA e produziu, ao longo de sua vida, mais de 40 obras científicas. Foi médico, professor, secretário de Saúde, reitor da Universidade Federal da Bahia e governador da Bahia.
Em nota, o reitor da Universidade Federal da Bahia, João Carlos Salles, confirmou a morte do estadista: “Informo aos membros da comunidade da UFBA que o Dr. Roberto Santos, nosso ex-reitor e nosso grande amigo, acaba de falecer. A Ufba, mais uma vez, está de luto. Expresso aqui nossos sentimentos mais profundos”, lamentou o reitor, que anunciou três dias de luta na UFBA .
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), lamentou a morte do ex-governador em seu perfil nas redes sociais e decretou luto de três dias no estado.
“Com profundo pesar, recebi a notícia do falecimento do ex-governador Roberto Santos. Médico, professor e ex-reitor da Universidade Federal da Bahia, Doutor Roberto Santos deu grande contribuição ao desenvolvimento do estado e nos deixa um legado de muito trabalho, respeito aos baianos e valorização da ciência. Meus sentimentos aos seus familiares e amigos por esta grande perda. Decreto três dias de luto oficial na Bahia pela morte de Doutor Roberto Santos”, escreveu Rui em sua conta no Twitter.
O prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), destacou a importância histórica de Roberto Santos na reconstrução democrática do País na década de 80. “Roberto Santos teve importância fundamental na história da Bahia. Foi um ser humano comprometido com o desenvolvimento de nosso estado, principalmente nos setores de Educação e Saúde. Seu nome ficará registrado como um dos principais líderes da recente história da Bahia e do Brasil. Quero expressar os meus sentimentos aos seus familiares e amigos nesse momento de dor”, disse.
“Caminhamos juntos pelo interior, onde aprendi com ele a fazer política voltada a cuidar das pessoas. Só tenho a agradecer ao querido mestre pelos ensinamentos políticos e humanos. É um legado que guardarei com carinho. Meus sentimentos também aos familiares e amigos de Dr. Roberto Santos, que tanto nos orgulhou”, afirmou o vice-governador e titular da pasta de Desenvolvimento Econômico do Estado, João Leão.
Roberto Santos nasceu em 15 de setembro de 1926, em Salvador, Filho de Edgard Rego dos Santos e de Carmem Figueira Santos. Formou-se em medicina pela Ufba em 1949 e tornou-se professor titular da instituição em 1951.
Em 1967, é nomeado secretário de Saúde do estado pelo então governador Luiz Viana Filho. Roberto Santos, no entanto, em poucos meses, abdica do cargo para ser nomeado reitor da UFBA (1967-1971) e ocupar a cadeira que era do seu pai, Edgar Santos.
Roberto Santos reestruturou a Universidade, implantou os Institutos de Matemática, Física e Química e deu início aos de Biologia e Geociências, obras finalizadas nos dias de hoje. Os esforços de Roberto foram fundamentais para a criação de cursos de pós-graduação no estado e, como consequência, fomentou e fortaleceu a pesquisa científica.
Entre 1968 e 1972 foi presidente da Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM) e presidente do Conselho Federal de Educação, ocupando também um assento no Conselho de Ensino Superior das Repúblicas Americanas em Nova Iorque, de 1968 a 1975. Representou o Brasil no Conselho Diretor da Organização Mundial de Saúde, em Genebra, Suíça, entre 1987 e 1990.
Foi eleito governador da Bahia em 1975 e ocuparia o cargo de chefe do executivo estadual até 1979. Sua administração inseriu os Centros Sociais Urbanos (CSUs), com o objetivo de atender às populações de baixa renda. Roberto construiu, durante sua gestão, o Centro de Convenções da Bahia, em Salvador. Depois implantou o Projeto Urbis, voltado à construção de casas populares. Na área da educação, a sua administração construiu 3 mil salas de aula no Estado.
Em 1986, Roberto Santos foi nomeado ministro da Saúde, cargo que ocupou até 1987, durante o governo do então presidente José Sarney. Como ministro, propôs unificar os sistemas de saúde e fortaleceu políticas de prevenção de doenças.
Roberto foi presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e representante do Brasil no Conselho Diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), na Suíça. Já nos anos 90, em 1994 foi eleito deputado federal e se aposentou das atividades realizadas na Universidade Federal da Bahia
Roberto Santos era membro da Academia Baiana de Letras e da Academia Nacional de Medicina. Ele fundou também a Academia Baiana de Ciências. O professor integrou o conselho editorial do Jornal A Tarde durante anos
O sepultamento do ex-governador está previsto para acontecer nesta quarta, 10, às 11h30, no cemitério Jardim da Saudade, localizado no bairro de Brotas, em Salvador.
A tarde
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