Estudo volta a relacionar doença da urina preta com consumo de peixe


Após quatro meses de estudos sobre a patologia que causa dores fortes pelo corpo e pode deixar a urina escura,  uma análise feita por um grupo de pesquisadores independentes aponta que se trata da Doença de Haff.

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A pesquisa foi feita por um grupo de doze pesquisadores independentes e foi encaminhada para publicação em revistas acadêmicas internacionais na área de saúde. Foram usados dados do Hospital Aliança e da Vigilância Epidemiológica de Salvador.

O médico infectologista Antônio Bandeira, que comandou os estudos, explica que nos 15 casos analisados na pesquisa, não houve nenhum sintoma de infecção por vírus, como febre ou problemas respiratórios.

“Na investigação vimos que a relação era muito maior com a ingestão de peixe. Temos hoje fechado que se trata da Síndrome de Haff”, revela.  Segundo o médico, a doença seria causada por uma toxina prejudicial a mamíferos que é ingerida pelo peixe na sua alimentação. A substância estaria presente em algumas algas e corais.

A doença de Haff já havia provocado surtos anteriores na Europa e no Brasil. Em 2008, por exemplo, 27 pacientes foram diagnosticados com a enfermidade em Manaus. “Outra coisa importante é o surto que não é só restrito a Bahia. O Ceará notificou vários casos, inclusive nós temos uma pessoa da Bahia que foi pro Ceará e ficou doente lá”, descreve.

A literatura médica aponta que a Síndrome de Haff foi identificada pela primeira vez em 1924, na Europa. Há também casos registrados na China e nos Estados Unidos. Os sintomas são dor súbita na cervical e por todo o corpo, contratura muscular, urina da cor de café e elevação da enzima CPK.

Os pacientes diagnosticados com a síndrome relatam ter ingerido pescado 24 horas antes de apresentarem os primeiros sintomas, segundo aponta o estudo. A recuperação do paciente é rápida. Em 3 ou 4 dias, ele já sente alívio nas dores do corpo. Porém, em certos casos, as pessoas podem apresentar fadiga por mais algum tempo. Os médicos recomendam que, aos primeiros sintomas, as pessoas procurem uma unidade de saúde, se hidratem bastante e evitem consumir anti-inflamatórios.

Em casos raros, a enfermidade pode levar à morte. O grande risco é que ela pode causar insuficiência renal. Nenhum paciente na Bahia apresentou esse quadro e precisou fazer diálise. Por causa dessa possível consequência, é que os médicos solicitam que os pacientes não usem anti-inflamatório.

Apesar da descoberta, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informa que este novo diagnóstico não é reconhecido pelo órgão, por não se tratar de um estudo feito pela instituição. Por meio de nota, a assessoria de comunicação da instituição explica que aguarda o resultado das amostras encaminhadas pela pasta para pesquisa.

Da mesma forma, a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) informa que ainda é cedo para afirmar categoricamente que a doença misteriosa seja Síndrome de Haff.

Por:  Redação Mapele News