A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) revelou alguns trechos da carta que deve entregar na próxima semana aos senadores, senadoras e ao povo brasileiro.
A presidente afastada ainda disse que “estão tratando o presidencialismo como se parlamentarismo fosse. O parlamentarismo permite o voto de desconfiança. No presidencialismo, o impeachment, sem crime, é golpe”, argumentou.
A reportagem questionou Dilma se há lógica em querer voltar para então sair, como diz Michel Temer. “A lógica? É ele não ter 54,5 milhões de votos. Eu sou legítima. Ninguém, nem o impeachment, transformará Temer num presidente legítimo. E ele vai carregar essa pecha até o fim”, ressalta a petista.
Em relação a sua fala sobre o precisar passar por “grande transformação em que se reconheça todos os erros”, Dilma explica que a declaração tinha o intuito de defender a legenda ao ser questionada sobre o fim da sigla.
A petista confirmou a tese da autocrítica partidária. “É um processo. O PT foi muito demonizado. [Mas] vai ter de fazer, é simples assim, acaba fazendo.”
Ainda na entrevista, Dilma comentou sobre o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável pela admissibilidade do pedido de impeachment. “Chego a sentir pena, de certa forma. Como gente. Porque a pessoa que acha que o mal é banal vive num total desalento. Como o cara de [descrito pela escritora alemã] Hannah Arendt, que trabalha na câmara de gás, num campo de concentração, e volta pra casa, uma casa florida, e beija seus filhos”.
A petista também considera que Cunha tem “tentáculos” na Câmara. “Teria de tirar muito ele de cena para tirar a influência dele”, opina.
Sem citar Cunha diretamente, a presidente afastada avalia: “Parece aquelas versões dos filmes americanos em que o poderoso chefão controlava tudo de dentro da prisão”.
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