Que a saúde pública em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS) está de mal a pior, não é novidade. Apesar de a secretária insistir em avaliar a pasta de maneira positiva e até apontar avanços e melhorias, o Hospital Municipal (HMSF) tem sido alvo constante de denúncias e reclamações.
Falta de medicamentos, de cobertores, roupões rasgados, demora no atendimento e equipamentos quebrados estão entre as principais reivindicações dos pacientes que diariamente passam pela unidade e pedem mais humanização no atendimento.
Na madrugada desta quinta-feira (26), um paciente que chegou no hospital com uma fissura nos olhos acabou tendo que desistir do atendimento e retornar para casa ainda com dor por causa do descaso com que foi tratado na unidade de saúde.
Segundo ele, que chegou ao hospital por volta das 03h30minh, às 04h40min o médico que provavelmente estava dormindo e já teria sido chamado pelas recepcionistas, ainda não tinha vindo prestar o atendimento que seria de emergência.
“Pessoal, eu estou aqui no Hospital de Simões Filho, cheguei aqui às 03h30min da manhã, estou com uma fissura nos olhos, fiz a ficha aqui e agora estou cancelando para ir pra Salvador. Os assessores do prefeito Dinha, passa isso aí para ele aí viu, porque o negócio aqui não está boa coisa não”, denunciou o paciente em um grupo do WhatsApp.
Ainda conforme o paciente, por diversas vezes ele perguntou a recepcionista sobre a demora do médico cirurgião, já que ele era o único paciente que aguardava na sala de espera e sempre ela dizia que o doutor estava vindo, mas ele não apareceu.
Cansado de esperar e ainda sentindo dor, cerca de uma hora e meia após ter passado pela triagem, o paciente resolveu voltar para casa e se alto medicar para amenizar a dor, até conseguir se deslocar para uma unidade de saúde na capital baiana.
Outras reclamações relacionadas à longa espera são corriqueiras no HMSF. Para realizar exames laboratoriais, por exemplo, os pacientes afirmam esperar em média 08h para receber os resultados. Procedimentos que em outras unidades duram em média 03h para ficarem prontos.
O Hospital Municipal é administrado pela Associação de Proteção a Maternidade e a Infância (APMI). A empresa atua no município há quase quatro anos e por algum tempo satisfazia as demandas da população, no entanto, desde que a gerência da unidade foi substituída no início deste ano, a decadência e o descaso com a população simõesfilhense voltaram a imperar.
Em oportunidade anterior, o prefeito Diógenes Tolentino chegou a afirmar que já estava avaliando o desempenho da empresa e que se a administração da unidade não investisse em melhorias, a prefeitura possivelmente daria um fim ao contrato com a terceirizada.
“Estou atento a todos os órgãos e ações do nosso governo e a APMI, a gente tem colocado sempre nas reuniões que é preciso investir em equipamentos, e não permitir que falte lençol e outras coisas básicas. Tem outras situações que tenho observado ao longo desses meses e a gente vem apontando e não via evoluir. Estou observando ao longo dos próximos meses e se permanecer a mesma conduta, nós vamos observar o contrato e dar um fim a essa parceira com a APMI”, disse ele.
A APMI recebe mensalmente mais de R$ 2 milhões da prefeitura para gerir o HMSF e o Ambulatório de Especialidade Anexo ao hospital, no entanto, atrasos nos salários dos servidores e negligências na prestação do serviço não são incomuns.
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