Complexo de barragens da RMS enfrenta a maior crise hídrica de todos os tempos


Com 14 municípios, a região metropolitana de Salvador (RMS) tem quase quatro milhões de habitantes e é abastecida com água captada em cinco barragens: Joanes I e II, vinculadas ao rio Joanes; Santa Helena, no rio Jacuípe; Ipitanga I e II, no rio Ipitanga; e Pedra do Cavalo, no rio Paraguaçu.


Dados do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) revelam uma situação crítica. Apenas a barragem Joanes I opera no azul, com 100% de seu volume útil, nome dado à parcela de água que pode ser utilizada para o abastecimento da população.

Uma das engenheiras responsáveis pela construção da barragem, inaugurada em 1971, Teixeira tem o registro da última década: a água diminuiu e os peixes estão escassos. “Nossos estudos mostravam que Joanes II conseguiria garantir a Salvador e às cidades vizinhas uma segurança hídrica de, no mínimo, 50 anos”, diz ela. “Não chegamos nem ao fim do prazo e a água está secando a passos largos”.

Os piores registros vêm de Pedra do Cavalo, gigante situada entre as cidades de Cachoeira e São Félix, responsável por 60% do abastecimento da RMS. Inaugurada em 1985, com pompas faraônicas, previa-se que a barragem seria completamente preenchida pela água em dez anos.

Em menos de quatro anos, as comportas tiveram que ser abertas tamanha a pujança do rio Paraguaçu. Administrada pelo Grupo Votorantim desde 2002, após vencer leilão e receber uma concessão de 35 anos do governo federal para a construção e exploração de uma usina hidrelétrica na barragem, inaugurada em abril de 2005, Pedra do Cavalo opera, hoje, como 23% do seu volume útil.

Em março deste ano, a Embasa e seu órgão de apoio, a Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia (Cerb), passaram a intensificar a publicidade em torno de ações para reverter o que chamam de “maior seca em 100 anos”. Como carro-chefe está a implementação de um sistema que transpõe as águas de Pedra do Cavalo para a barragem Joanes II (que hoje opera com 47% do volume útil), seguido de um edital de licitação para uma obra, avaliada em R$ 860 milhões, que pretende ampliar a captação da barragem de Santa Helena (operando com 33%). A construção de uma nova barragem, em Itapecerica, a 50 quilômetros de Salvador, também entrou no radar. Os órgãos justificam as ações como formas de equilibrar o sistema hídrico da RMS.