Com fratura no rosto, paciente é orientado a pegar carona para o HGE por falta de recursos no Hospital Municipal de Simões Filho


A saúde pública no município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS) está de mal a pior. A cada novo dia circulam inúmeras denúncias e reclamações sobre as condições precárias ais quais os pacientes da rede pública estão sendo submetidos.

Em passagem pelo Hospital Municipal (HMSF) na tarde desta quarta-feira (01), a reportagem do Mapele News flagrou uma situação bastante complicada, em que um paciente teria sido exposto a “omissão de atendimento”.

O paciente de pré-nome Evandro deu entrada no HMSF com uma fratura no rosto e chegou a ser atendimento pelo médico do plantão. No entanto, após a primeira avaliação, o plantonista teria orientado o paciente a procurar atendimento em uma outra unidade hospitalar, visto que, o hospital não teria suporte suficiente para dispor da intervenção necessária no caso do Sr. Evandro.

Ao avistar nossa equipe e ainda bastante confuso, o paciente pediu ajuda, contando o fato e dizendo que seria obrigado a voltar para casa, porque não tinha como se deslocar para outro hospital.

“O médico me disse que não podia me atender aqui e mandou que eu pegasse um transporte e fosse para o HGE ou para o Subúrbio, mas eu não tenho condição de ir, nem uma carona eu arrumei aqui e vou ter que ir embora pra casa”, disse Evandro desesperado.

A nossa equipe pediu autorização para acompanhar o paciente de volta a sala do médico para esclarecer a informação e de fato o plantonista explicou que Evandro necessitaria de um cirurgião especialista em face, que naquele momento a unidade não possuía.

Bastante educado, o médico ainda explicou que preferiu dispensar o paciente do que interna-lo para aguardar a regulação, já que os pacientes regulados costumam aguardar no mínimo duas semana para serem transferidos.

“A gente não tem recurso para tratar ele aqui porque é uma fratura de arcada dentária. Só que se eu colocar ele na regulação do hospital, ele vai demorar umas duas ou três semanas, porque a vaga não sai de imediato. Não é culpa nossa, não é culpa do hospital, não é culpa de ninguém, isso é uma deficiência da saúde na Bahia e em todo o Brasil”, disse o Dr. Gil Stenio.

Ainda na nossa presença, o doutor revelou que o paciente deveria chegar na recepção do HGE e dizer que não passou por nenhuma outra unidade hospitalar, visto que, independe de oferecer recursos ou não, a unidade não poderia ter negado o atendimento.

“Se ele tiver como arrumar qualquer carro, qualquer pessoa, basta ele chegar na porta, mas ele vai ter que dizer que não passou em nenhum hospital, porque nenhum hospital pode negar atendimento. Mas se ele chegar na porta do hospital e falar que não passou em nenhum hospital, ele vai ser atendido”, informou o doutor.

Minutos depois a nossa equipe, o próprio médico e o paciente foram surpreendidos pela  funcionária da unidade hospitalar,  que nos informou que o Ambulatório de Especialidades Anexo ao hospital possui o especialista e que se o paciente decidisse ficar em internamento, poderia passar por uma consulta com o cirurgião ainda esta semana.

Ainda confuso e já cansado de tantas idas e vindas, Evandro resolveu tentar uma carona e se deslocar para a capital baiana. Contudo, a divergência de informações entre os profissionais que atuam na unidade não tem funcionado corretamente.

Outros pacientes também aproveitaram a presença da equipe de reportagem para reclamar do gerenciamento da empresa que administra o hospital, a Associação de Proteção a Maternidade e a Infância (APMI).

Segundo os pacientes, desde que a nova gerência da empresa assumiu o hospital em maio deste ano, a qualidade do atendimento caiu muito. Há cerca de três meses a empresa decidiu suspender a alimentação dos acompanhantes dos pacientes em internamento, o que gerou bastante reclamação. Agora, a empresa determinou que só terão direito a acompanhante os pacientes menores de 18 anos ou maiores de 65, independente do quadro clínico.

Outra reclamação é com relação ao diretor médico da unidade, que segundo os próprios funcionários, só aparece no hospital duas vezes por semana. A nossa equipe entrou em contato com a assessoria de comunicação da APMI para apurar os casos, mas até o momento a empresa ainda não se manifestou oficialmente sobre as denúncias.