O público baiano que conferiu a história do Bope do Rio de Janeiro no filme Tropa de Elite poderá, a partir de quinta-feira, assistir nas telonas de Salvador ao filme Rondesp: Tropa de Elite Bahia, inspirado no sucesso do diretor José Padilha.
A produção independente, assinada pelo diretor Mário Sérgio Santana, o Dragão Marinho, 40 anos, terá pré-estreia hoje (18), para convidados, no UCI Orient Shopping da Bahia. Depois, ganhará cinco sessões diárias, inicialmente até dia 26, na sala 11 do complexo.
E no que depender das mais de 164 mil visualizações que o trailer teve no YouTube, a bilheteria está garantida. “Eu tinha uma meta de público, mas pela repercussão na internet e pelo apelo nos bairros, parece que a meta vai ser superada”, diz Dragão. Caso isso aconteça, a exibição poderá ser prorrogada por um mês e se estender a outras salas. “O povo já está pedindo o segundo filme, a sequência”, comenta, aos risos, o diretor, que deixa em aberto a possibilidade de uma continuação.
Dragão Marinho: idealizador, produtor, ator e diretor do longa-metragem (Foto: Arisson Marinho/Arquivo CORREIO) |
Além de assinar a direção e produção, Dragão dá vida ao sargento Lopes, protagonista do filme ao lado de outros homens da Rondas Especiais da Polícia Militar da Bahia – Rondesp. Segundo ele, os “santos guerreiros” que forem conferir a trama no cinema terão 50% de desconto sobre o valor da inteira ao apresentar a carteira de policial na bilheteria.
Inspiração
Fardados e fortemente armados, os policiais atuam no filme para desarticular uma quadrilha liderada por um traficante que fugiu do Rio de Janeiro para a Bahia. O personagem Baiano do Tropa de Elite original motivou a criação do traficante Carioca. “A ideia era mesmo dar o troco, mostrar que a Bahia também tem uma polícia preparada”, afirma.
Dragão é enfático ao afirmar, no entanto, que os dois filmes são muito diferentes. “A gente não teve a preocupação em fazer uma crítica social. A história também não é narrada pelo protagonista, como acontece com o Capitão Nascimento de Wagner Moura”, destaca.
Este é o primeiro filme policial do diretor, que conta no currículo com produções de terror e artes marciais. A ideia surgiu em 2013, depois que o município de Simões filho foi classificado, pelo terceiro ano consecutivo, como o mais violento do país, segundo o Mapa da Violência.
Morador da cidade localizada na Região Metropolitana, Dragão partiu desse dado para montar o roteiro do filme, que foi rodado em Salvador, Simões Filho e Juazeiro. “A Rondesp atua em todo o estado e, por isso, não poderíamos ficar presos a Salvador, por mais que 80% das cenas sejam gravadas na cidade e explorem bastante os pontos turísticos”, detalha.
Bastidores
Dragão começou a fazer cinema há 20 anos, depois de ser chamado para atuar em um filme que acabou sendo abandonado pelo produtor. Sem roteiros, ensaios ou storyboard, ele pegava a câmera e saía gravando. A distribuição também era por conta dele: produzia os DVDs e entregava em lojas e bancas – o vendedor ganhava uma comissão por cada unidade vendida.
O diretor garante que o filme não é uma apologia à violência. Ainda assim, no trailer, de apenas 1 minuto e 40 segundos, há cinco mortes e dezenas de tiros. “No filme, essa coisa é muito mais equilibrada. Tem muito mais prisões que confrontos e o confronto é sempre opção de bandido”, defende.
Ele também responde as acusações de que as armas e fardas dos policiais que aparecem no filme seriam as utilizadas pela corporação. “Houve comentários de que as armas eram de verdade, da polícia, e não são. Já desmenti esses boatos, mas fico feliz que a nossa réplica pareça de verdade e cause esse burburinho”, comenta.
Segundo a assessoria da PM, “nenhuma arma ou equipamento da PM foi cedido às filmagens”. Ainda segundo a PM, o filme “não representa a realidade da Companhia Independente de Policiamento Tático” e nenhum policial foi autorizado para integrar a gravação. Apesar disso, o ex-deputado estadual e delegado Deraldo Damasceno participou das filmagens.
Ainda segundo o diretor, a ideia inicial era mostrar as técnicas e os treinamentos da Rondesp. “Mas aí conversei com policiais que ficaram preocupados de o filme virar uma videoaula para o crime organizado”. Por isso, a opção de misturar técnicas utilizadas por outras polícias e também nas artes marciais. Na trama, um ninja é o responsável pela proteção pessoal do traficante Carioca.
As críticas sobre o tom amador da produção e os comentários de que o filme se aproximaria mais da comédia que da ação levam o cineasta a afirmar que “santo de casa não faz milagre”. “Nós artistas estamos acostumados com isso. É preciso ser reconhecido lá fora para ser aplaudido aqui dentro”, afirma.
Confira o trailer:
*Com informações do CORREIO 24h