Você beberia um copo de água com resíduos de lixo de construção civil? E se esse lixo estivesse localizado no quintal de sua casa, onde antes havia um santuário da mata atlântica com fauna e flora locais e espécies endêmicas de animais? De acordo com um grupo de moradores, Simões Filho e regiões adjacentes estão sob essa ameaça há aproximadamente 30 dias, quando a empresa Naturalle Tratamento de Resíduos Ltda anunciou a instalação de um aterro sanitário, no Aquífero São Sebastião, o segundo do Brasil, que abastece Salvador, Camaçari, Dias D’ávilla, Pojuca, Mata de São João, Alagoinhas, São Sebastião do Passé e outras.
Toda essa região será afetada pela poluição das águas. Organizados no Movimento Nossa Água, Nossa Gente, os moradores de Simões Filho distribuíram uma carta aberta para denunciar a agressão ambiental, mas a repercussão nos órgãos de comunicação e junto ao Ministério Público ainda é considerada muito tímida.
Aquíferos, de acordo com o texto da carta aberta, são reservatórios naturais formados pelas águas subterrâneas localizadas no subsolo. Funcionam como uma esponja de lavar louça: pequenos furos absorvem a água. “O aquífero possibilita atividades como a agricultura familiar, escolas técnicas, projetos ecológicos, entre outras”, informam moradores.
Em ocasião anterior, após anuncio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SEDEC) sobre a vinda de 12 novas empresas para o município de Simões Filho, o radialista Jairo Mascarenhas, em transmissão ao vivo pela rádio Simões Filho FM 87.9, durante o programa “Bom dia Simões Filho”, levantou questionamentos sobre a instalação da Naturalle Tratamento de Resíduos Sólidos, prevista para começar a operar no município ainda neste ano de 2017.
De acordo com Jairo Mascarenhas, a Naturalle é uma empresa vinculada ao ex governador baiano Paulo Souto, que presta serviço limpeza e coleta de lixo nas cidades de Camaçari e Dias D’Avila e que não entendi a intenção de trazer uma empresa desse segmento para o município.
“Eu não sei o que esta turma rende para a cidade. Então eu quero saber do secretário Nilton Novaes se a empresa vai trazer lixo para Simões Filho, porque não vejo vantagem nenhuma de trazer a Naturalle pra aqui. Chega gente. Nós não somos quintal de Camaçari nem de Salvador”, disse ele.
Jairo ainda ressalta a importância da intervenção dos vereadores eleitos no sentido de garantir que a população não sofra nenhum dano ambiental ou econômico com a implantação da empresa em solo simõesfilhense.
“Eu estou chamando a atenção hoje dos senhores vereadores, representantes do povo, que são bem remunerados, gozam de uma excelente mordomia que o trabalhador comum não tem e pergunto, esta Naturalle vai trazer o lixo de Camaçari pra Simões Filho é?
Vale salientar que Simões Filho é a sexta economia do Estado da Bahia, com um grande potencial industrial que deveria ser mais valorizado e preservado, e que as autoridades locais precisam se impor com relação as negociações que possibilitam a vinda de instituições privadas para esta cidade.