A Bahia está em estado de alerta por causa do baixo nível de reservatórios no estado este ano. Em uma situação que ainda é reflexo do ano passado, um dos mais secos dos últimos tempos, o estado assiste a um forte desabastecimento das estruturas responsáveis por fornecer água para a população.
De acordo com dados do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), a Bahia possui atualmente 24 barragens operando próximo à capacidade mínima; 5 a 6 funcionam no limite mínimo ou abaixo disso; 37 das 51 barragens registraram queda na cota de água entre 20 de fevereiro e 20 de março deste ano. E é nesta situação preocupante que o reservatório de Sobradinho, no norte baiano, o maior do Nordeste, chega a esta quarta-feira (22), Dia Mundial da Água, como um dos com mais baixo nível de água.
De acordo com Eduardo Topázio, diretor de Águas do Inema, caso a unidade não seja abastecida com chuvas até outubro, ela corre o risco de chegar ao volume morto, como ocorreu no reservatório do Cantareira, em São Paulo, em 2014. “Sobradinho está com nível relativamente baixo. Se ela não tiver chuva que recupere os níveis atuais, o nível pode chegar ao volume morto.
É, na minha opinião, o ponto de água mais crítica. Até setembro, outubro, precisa chover o suficiente. Entretanto, estamos fazendo ações com o governo federal para tentar minimizar o impacto dessa falta de chuvas”, afirmou Topázio, em entrevista ao Bahia Notícias. Ainda segundo o especialista, a cidade de Salvador e municípios próximos vivem com problema de reservatórios com volumes baixos.
Ele descartou a possibilidade de desabastecimento de água para consumo humano, mas afirmou que, caso o nível de chuvas não aumente, será necessário limitar o acesso da indústria à água, por exemplo. “As medidas estão sendo tomadas para economizar água. Está com níveis muito baixos, a situação é grave. Por outro lado, começa a chover mais intenso a partir de março. Aí temos a expectativa dessa recuperação”, disse.
Com a situação, o Inema já articula campanhas de conscientização para que a população reduza o desperdício de água. Se a situação não melhorar, também não está descartado uma redução na quantidade de água que chega às torneiras dos soteropolitanos e moradores de municípios adjacentes. Topázio também afastou a possibilidade de racionamento em massa na Bahia. “Já há regiões com graus de racionamento, como Conquista. Mas são racionamentos estreitos, com alternância, e acontecem desde o ano passado.
O mais provável é a redução de distribuição de água. Para abastecimento humano, não há risco iminente de falta de água, a não ser em regiões mais críticas, de muita seca”, ponderou. Apesar de toda a tecnologia trazida pelos avanços científicos, o homem ainda não conseguiu domar o ímpeto da natureza e é preciso torcer para que 2017 seja um ano melhor que o passado em termos de índices pluviométricos.