O analista de sistemas curitibano Jacson Fressatto, em homenagem a sua filha, que viveu apenas 18 dias devido a um quadro de Sepse, em 2010, deu vida a um robô virtual composto por 263 sistemas que funcionam juntos com o objetivo de alertar profissionais de saúde sobre a possibilidade de Sepse em pacientes: “essa é Laura”, diz ele homenageando a filha.
O projeto “O Sonho de Laura: o robô que salva vidas” foi apresentado pela primeira vez no Nordeste nesta quinta-feira (6), no Hospital São Rafael. Aberto às demais instituições de saúde de Salvador, o evento teve o objetivo de difundir a inovação e proporcionar a oportunidade de estudar a viabilidade de implantação nas unidades, além de discutir a complicação.
“Vou ser bem sincero, nos primeiros nove meses que trabalhei nisso, era para achar os culpados. Eu queria entender quem tinha feito o quê e quando errado. Foi quando percebi que não existiam culpados, o que existia era uma série de restrições e limitações multidisciplinares que precisavam ser sanadas”, contou Jacson.
De acordo com o pediatra Roberto Sapolnik, responsável pelo programa de gerenciamento da Sepse do Hospital São Rafael, o problema é uma reação inadequada do organismo a uma infecção que pode causar febre, aumento da frequência cardíaca, da frequência respiratória e outros sintomas considerados comuns. “Há algumas situações que são realmente difíceis de perceber, são exageradas, por isso é difícil distinguir quando o organismo está reagindo de forma adequada ou inadequada. Existem definições e critérios estabelecidos para que se faça essa diferença, tanto do ponto de vista do exame clínico quanto de laboratório”, explicou ele.
O robô Laura é capaz de identificar critérios relacionados à Sepse, como disfunção orgânica, sinais vitais alterados e exames específicos alterados, e informar à equipe assistencial quais pacientes correm maior risco e precisam de mais atenção. A partir de agora, “O Sonho de Laura” é reduzir as mortes por Sepse no Brasil em 5% até 2020. O Brasil lidera o ranking de morte por infecções, com 250 mil pessoas afetadas todos os anos, de acordo com estudo do Instituto Latino-Americano de Sepse (Ilas).
O curitibano tem apresentado o projeto em diferentes estados e implantado o sistema em hospitais filantrópicos a preço de custo: R$ 42 mil. “Se tivéssemos recurso em caixa, daríamos para os hospitais filantrópicos. O que nós temos tido é ajuda de pessoas e instituições que estão literalmente colocando dinheiro. Estamos montando uma fila de filantrópicos. Daqui a alguns meses vamos divulgar os hospitais que vamos atender durante esse ano”, revelou. No entanto, nem todas as unidades de saúde podem receber o robô Laura, já que é necessária estrutura e uma equipe engajada para seu funcionamento.
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