O pré-candidato a governador ACM Neto (União Brasil) divulgou em suas redes sociais um vídeo que questiona a pesquisa cujo resultado foi publicado neste domingo (17) pelo jornal A Tarde. O ex-prefeito da capital diz ter recebido o conteúdo pelo WhatsApp e não poupou críticas ao levantamento, classificado por ele como uma “enquete manipulada”.
“Vídeo que recebi no meu WhatsApp denunciando o absurdo que é essa pesquisa fake publicada no jornal A Tarde de hoje com uma manchete desesperada e espalhafatosa”, afirmou Neto.
“O que eles chamam de pesquisa é, na verdade, uma enquete manipulada. E o que eles chamam de jornal não passa de um panfleto comandado por um conhecido grupo empresarial a serviço do PT da Bahia”, continuou.
A pesquisa recebeu muitas críticas de integrantes da oposição no estado. O deputado estadual Sandro Régis (União Brasil) disse que o levantamento é uma piada de mau gosto e mais uma tentativa do PT de enganar os baianos.
Já o deputado estadual Tiago Correia (PSDB) pontuou que o instituto AtlasIntel, responsável pela pesquisa, é considerado o pior do país, de acordo com classificação feita pelo portal UOL. O instituto é classificado na categoria controversa, a pior dentre as quatro listadas pelo portal, enquanto institutos como Real Time Big Data e Quaest, que realizaram sondagens este ano na Bahia, são definidos como confiáveis.
O deputado federal Paulo Azi (União Brasil), por sua vez, apontou a desconexão com a realidade em pesquisas eleitorais recentes da empresa AtlasIntel. “Essa mesma empresa apontou que Edegar Pretto, candidato do PT no Rio Grande do Sul, estaria empatado tecnicamente com Onyx Lorenzoni na liderança, enquanto os outros institutos indicam que o petista está em quarto, no melhor dos cenários”, afirmou o deputado.
“Agora, por uma estranha coincidência, vejam só, outro candidato do PT volta a ser alçado artificialmente, desta vez na Bahia. Enquanto todas as pesquisas apontam ACM Neto no mínimo 40 pontos à frente de Jerônimo Rodrigues, a Atlas diz que a vantagem é de apenas sete pontos”, acrescentou.
Classificação controversa
Em maio deste ano o UOL lançou um selo de confiabilidade de pesquisas eleitorais. Analisando metodologias, cenários apontados nas pesquisas e histórico dos institutos responsáveis pelas pesquisas o portal produziu uma lista de critérios de classificação. Segundo esses critérios, a classificação das pesquisas feita pelo UOL é: Muito Confiável, Confiável, Só Aponta Tendências e Controversa.
Segundo o selo, o Atlas ficou justamente na última classificação possível. O instituto apenas faz pesquisas on-line, com convites aleatórios, respondidas por usuários de internet durante uma navegação padrão, o que reduz pontos em critérios de confiabilidade elaborados pelo site.
De acordo o UOL, a classificação ‘controversa’ é determinada pelo fato da pesquisa ser realizada por instituto com método de entrevistas não tão consistente, normalmente feito por telefone, e com cenários eleitorais já rebatidos por especialistas.
Por sua vez, a pesquisa Genial/Quaest lançada esta semana e que confirmou a vantagem de 50 pontos de Neto sobre o pré-candidato do PT foi produzida por um instituto de selo ‘Confiável’.
Confira as classificações e seus significados:
- Muito confiável – a pesquisa é realizada por instituto com histórico confiável e consolidado, sem ligação com empresas públicas, com uso de método de entrevistas consistente e transparente e entrevistas feitas presencialmente;
- Confiável – a pesquisa é realizada por instituto que usa método de entrevistas consistente e transparente, mas sem histórico tão consolidado, com questionários aplicados presencialmente ou por telefone; o instituto pode ter ligação ou financiamento de empresas públicas;
- Só aponta tendências – a pesquisa é realizada por instituto com método de entrevistas não tão consistente, com o uso primordial de ligações telefônicas ou robôs, mas que serve para registrar mudanças nos cenários eleitorais; o instituto pode ter ligação ou financiamento de empresas públicas;
- Controversa – a pesquisa é realizada por instituto com método de entrevistas não tão consistente, normalmente feito por telefone, e com cenários eleitorais já rebatidos por especialistas; o instituto pode ter ligação ou financiamento de empresas públicas.
Distorções e fraudes
Com a aproximação das eleições deste ano, cresceu a divulgação de informações falsas e produções de pesquisas enviesadas. Uma reportagem do Globo mostrou como resultados distorcidos para favorecer políticos e pré-candidatos circulam nas redes sociais.
“Os números não estão ali para serem precisos ou exatos, estão ali para mexerem com a emoção das pessoas. Essa distorção visa o componente emocional. Não é para fazer o eleitor pensar, é para que ele pegue essa informação falsa, acredite nela e compartilhe com os amigos”, declara Marco Aurélio Ruediger, Diretor de análises públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Já o presidente da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep), Duilio Novaes diz que em pesquisas por meio de enquetes não há preocupação com a representatividade da amostra, sobre o perfil de quem responde à consulta online, e por isso ela não tem validade estatística. “Para a gente avaliar a pesquisa, é preciso olhar a descrição da metodologia, como foi feita, como se selecionou a amostra, onde foi aplicado o questionário. Tudo isso tem que ser apresentado na descrição do método. Não há problema em fazer enquete, mas ela não tem validade estatística”, declarou.
Correio24
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