821 milhões de pessoas passam fome no mundo, diz relatório


Cerca de 821 milhões de pessoas passam fome no mundo, segundo o relatório do Índice Global da Fome (GHI, sigla em inglês), divulgado nesta quinta-feira (11). Apesar dos progressos realizados e, caso não forem feitos mais esforços, aproximadamente 50 países poderão não erradicar a fome até 2030.
O Índice Global da Fome 2018 referiu que o flagelo da fome caiu 28% globalmente desde o início do século e a mortalidade infantil – de crianças com menos de 5 anos – diminuiu para metade no mesmo período.
Apesar destes avanços, ainda há níveis graves de fome no mundo, alerta o relatório, elaborado anualmente pela organização não-governamental (ONG) alemã Welthungerhilfe e a irlandesa Concern Worldlife, assim como pelo Instituto Internacional de Investigação sobre Políticas Alimentares (IFPRI), dos Estados Unidos.
Especificamente, 45 dos 117 países incluídos no índice têm níveis “graves” de fome e outros seis – Chade, Haiti, Madagáscar, Serra Leoa, Iémen e Zâmbia – têm níveis “muito graves”. A situação na República Centro-Africana – imersa desde 2012 numa grande instabilidade política provocada pela guerra civil – é “alarmante”.
Em outros sete países – Burundi, República Democrática do Congo, Eritreia, Líbia, Somália, Sudão do Sul e na Síria, aos quais não se pode aplicar o índice devido à falta de dados – a situação da fome e da desnutrição é “preocupante”.
Em cada um desses sete países, os conflitos violentos, os distúrbios políticos e/ou a pobreza extrema geraram números de enormes dimensões de deslocados, algo frequentemente ligado à insegurança alimentar, indica o relatório.
“Os confrontos bélicos, os conflitos e as consequências das alterações climáticas geram fuga, deslocados e fome. Precisamos de soluções políticas duradouras para os conflitos no mundo para alcançar a erradicação da fome uma vez por todas”, disse a presidente da Welthungerhilfe, Bärbel Dieckmann.
A situação é particularmente grave no sul da Ásia e na África subsaariana, onde os valores de desnutrição em crianças, atrasos no crescimento como resultado de deficiências nutricionais, enfraquecimento crónico e mortalidade infantil são “inaceitavelmente elevados”.
No entanto, nessas regiões mais afetadas pela fome, há países como o Gabão, o Gana, as Maurícias, o Senegal, a África do Sul e o Sri Lanka, que conseguiram atingir níveis “moderados”.
Estes números contrastam com os valores no leste e sudeste da Ásia, Médio Oriente, norte da África, América Latina e Caribe, Europa Oriental e da Comunidade de Estados Independentes, que têm níveis de fome “baixa” ou “moderada”.
No entanto, mesmo nessas regiões, há países onde a fome e a desnutrição assumem dimensões “graves” ou “muito graves”. Com informações da Lusa.