Ambientalistas criam petição Online para impedir implantação de lixão em Simões Filho


Durante a manhã até o começo da tarde da última quarta-feira (03) a Câmara de Vereadores de Simões Filho, na Praça da Bíblia, esteve cheia de gente e energia, entoando palavras como: aqui é a casa do povo! O povo unido jamais será vencido! Os

representantes têm que ouvir a população! Fora lixão! E tantos outros desabafos que demonstram a insatisfação do povo com relação a possível instalação de um aterro sanitário na BA 093, em cima das águas do Vale Itamboatá, em Simões Filho, que atinge cerca de 60 hectares de Mata Atlântica.

População, povos tradicionais, pescadores e quilombolas simõesfilhenses estiveram presentes dispostos a dialogar, exibindo a indignação perante a implantação do nefasto aterro, que de acordo com os ambientalistas pode comprometer a qualidade da água, terra e ar de suas terras, incorrer em riscos à saúde a ponto de não mais poderem ali habitar.

A empresa Naturalle, responsável pelo empreendimento não compareceu nem justificou a ausência, deixando subtendida sua resposta sobre a importância que dão aos impactos socioambientais que as 500 toneladas de lixo diárias poderão vir a trazer. Em contrapartida, participaram do evento, técnicos e advogados ambientalistas, representantes do INCRA, INEMA e vereadores.

Lideranças do Movimento Nossa Água, Nossa Terra, Nossa Gente buscaram destacar o caráter antes de tudo informativo da plenária, salientando a força política representativa da sociedade civil, dona daquela casa e de todas as outras casas do poder. Entre elas, Minah de Terra Mirim, lembrou que devemos estar cada vez mais empoderados de informação, neste caso devemos saber as consequências que um empreendimento deste porte pode provocar e Dahvii, advogada a frente, também de Terra Mirim, clamou por justiça e liberdade, reivindicações de


Fazenda natal, Fundação Terra Mirim, Palmares, Pitanga de Palmares, Dandá, Oiteiro, Vale, Menino Jesus, Santa Rosa, Passagem dos Teixeira e Convel são as comunidades que somam mais de 10 mil pessoas tradicionais presentes no Vale do Itamboatá, em ameaça direta com a presença do aterro.

O líder comunitário Binho, a frente de Pitanga de Palmares, conta que a região não pode suportar mais impactos e este representará mais um para elas e todas as outras ao redor. “Não queremos mais nossa terra contaminada, o lixão vai impactar a agricultura familiar, nossas histórias e nossa cultura”, relata.


Binho também disse que a instalação se deu de maneira irregular, em atitude de falta de respeito com a cultura das comunidades vizinhas, não houve conversa com os moradores. Ele também encontrou contradições nas falas da Naturalle, inicialmente eles disseram que o aterro não era um lixão e que inclusive eles eram contra lixões, mas logo em seguida foi dito que seria produzido chorume, “me perguntei, chorume sai de onde senão do lixo?”