Recessão deixa 3,6 milhões de brasileiros na pobreza


Com a recessão já avançada em 2015, o brasileiro ficou mais pobre. O rendimento médio de todas as fontes de renda encolheu 5,4% ano passado, em relação a 2014, já descontada a inflação. O rendimento médio ficou em R$ 1.845 por pessoa por mês, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2015, informou nesta sexta-feira, 25, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com levantamento do jornal O Globo, o percentual de brasileiros considerados pobres chegou a 10% do total da população, com um incremento de 3,6 milhões no ano passado. Já o número de pessoas em extrema pobreza aumentou 23,4% em 2015. Mais de 2,7 mihões entraram nessa faixa de renda, que corresponde a 2,9% da população do país.

Todos os tipos de renda registraram queda em 2015. O rendimento do trabalho passou de R$ 1.950 para R$ 1.853, queda de 5% na passagem de 2014 para 2015. Também foi o primeiro recuo em termos reais em 11 anos. Já a renda média domiciliar caiu de R$ 3.443 para R$ 3.186, o equivalente a um corte de 7,5%. Todas as categorias do emprego registraram redução no rendimento médio mensal real do trabalho principal, especialmente os trabalhadores domésticos com carteira assinada (-3,1%).

A recessão começou no segundo trimestre de 2014, conforme o órgão da Fundação Getulio Vargas (FGV) que acompanha os ciclos da economia, mas o quadro piorou ano passado. O encolhimento na renda já vinha sendo captado em outras pesquisas do IBGE, mas a queda de 2015 foi a primeira na série da Pnad desde 2004.

Os mais pobres sentiram mais a retração da economia. Entre os 10% da população que têm os menores rendimentos (ganham em média apenas R$ 219 por mês), a queda foi maior, de 7,8%. Os 10% mais ricos (R$ 7.548 por mês) viram sua renda cair 6,6% em 2015 sobre 2014.

Desigualdade

Quando se considera as demais faixas de renda, a metade da população que ganha melhor viu sua renda encolher mais do que a metade que ganha pior, segundo o IBGE. Com isso, a desigualdade de renda manteve trajetória de queda. O índice de Gini, que mede a concentração de renda, ficou em 0,491 em 2015, ante 0,497 em 2014 – a escala vai de 0 a 1; quanto mais perto de 1, mais concentrada a renda.

Como todas as classes sociais passaram a ganhar menos em 2015, não há motivos para comemorar esse tipo de queda na desigualdade. De acordo com a gerente da Pnad, Maria Lucia Vieira, a redução da concentração de renda é boa quando a situação fica “mais homogênea para todos”.

“Quando todo mundo perde, fica pior para todo mundo. Piorou mais para todo mundo”, disse Maria Lucia. “O que a gente quer é igualar todo mundo no melhor”, completou a pesquisadora.

Última Pnad anual

A Pnad é realizada pelo IBGE desde 1967, com o objetivo de produzir informações básicas para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do País. O levantamento investiga características gerais da população e dados de educação, trabalho, rendimento e habitação. Em setembro de 2014 e setembro de 2015 foram visitados 151.189 mil domicílios em todo o Brasil.

Nos últimos anos, o IBGE vem se preparando para extinguir a versão anual da pesquisa. Desta vez, o órgão de estatísticas garantiu que o estudo divulgado nesta sexta-feira é o último – pesquisadores não foram a campo em 2016. Com isso, as informações socioeconômicas passaram a ser divulgadas a partir da Pnad Contínua. Com informações do Estadão Conteúdo. Informações do Estadão Conteúdo.