Estudantes do Colégio Municipal Padre Luiz Palmeira e Colégio Estadual Alberto Siva, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), na manhã desta quinta-feira (10), realizaram uma “Caminhada da Paz” pelas principais avenidas do centro da cidade. O município nos últimos dias vem enfrentando momentos de medo e angústia com o crescimento desenfreado da VIOLÊNCIA na cidade. Com um tom de resgatar o sentimento de paz, após a morte do aluno, Rhavier Henrique Teles, vítima de latrocínio, no dia 18 de outubro, um trabalho desenvolvido pela psicóloga Margarete Chies com os discentes resultou na caminhada em homenagem ao ex-aluno.
Cansados de tanta violência, diversas caminhadas estão sendo realizadas por diversas comunidades a fim de chamar a atenção das autoridades estadual e municipal.
O jovem Rhavier Henrique, 16 anos, deixou para os amigos e colegas, um belo exemplo de caráter e infelizmente teve sua vida ceifada pela violência que assusta moradores do município. Nas mentes dos estudantes ficaram a lembrança de um adolescente cheio de sonhos e extrema alegria de viver, além, da sua dedicação ao trabalho na conquista dos seus ideais.
Após a morte do amigo, também ficaram a revolta pelo sentimento de insegurança que perdura há muitos anos no município que, embora, seja a 6ª economia da Bahia e gozar de prestígio com o Governo do Estado, ainda assim, o sentimento da população é de total insegurança. As Polícias Civil e Militar realizam um grande e significativo trabalho, mas com o pouco efetivo, populares reclamam que a cidade amarga uma extrema rejeição por parte do Governo do Estado.
A Caminhada pela Paz começou em frente à escola, próximo ao pátio da prefeitura. Com balões em mãos, os estudantes marcharam e apresentaram para os municípes que vivem o dia a dia na cidade, que é hora de “despertar e sensibilizar na promoção da paz”. O movimento finalizou na Praça da Bíblia. No local, os estudantes fizeram uma corrente e de mãos dadas abraçaram simbolicamente a Bíblia, um grande símbolo e ferramenta acessível a todos os nobres conceitos de paz.
Um dos momentos marcantes, pra quem participaram da Caminhada; foi o ato em que estudantes ergueram para os céus duas pombas brancas e as lindas aves voaram calmamente e unidas revelando que é urgente a cultura da paz.
Para a equipe de reportagem, a idealizadora e psicóloga Margarete Chies revelou que após a morte do jovem Rhavier, ela iniciou um trabalho com os alunos, através, de grupos terapêuticos, onde foi confeccionado cartazes em que os discentes puderam externar seus sentimentos. A ação demonstra a importância do papel da área da Psicologia nas escolas para promover algo eficaz que é a criação de vínculos.
Ainda de acordo com a psicóloga, o trabalho desenvolvido proporcionou um espaço de acolhimento e escuta especializada, principalmente, em um momento em que os alunos sentiam a extrema perda do amigo que de forma estúpida e desrespeitosa por tudo o que de mal representa a violência, maltrata mais ainda, a família que perdeu seu ente querido e que amarga a ausência irreparável.
O ápice do trabalho desenvolvido com os alunos, finalmente, contribuiu para a melhoria e retomada das atividades escolares. Em mais uma Caminhada da Paz registrada nas ruas de Simões Filho, nesta manhã de quinta-feira, um sinal pode ser observado: “Sob Lágrimas do Céu”, a chuva simbolizou o sofrimento dos corações que ainda estão dilacerados e que buscam a fé em Deus para que realmente a cicatrização aconteça com o tempo.
O movimento não representou um protesto; nem uma manifestação, mas uma Caminhada da Paz que revela a tristeza e indignação visíveis nos semblantes de populares; que acompanharam o ato e que durante anos sentem que apesar de fazer o papel de confiar, através, do voto suas escolhas, os poderes públicos ainda perpetuam o olhar da distância e do descaso.
“Cada dia que passa eu tenho mais medo de sair de casa. A gente acha que pode ser roubada a qualquer hora do dia. E agora a situação está extremamente fora do controle. Eu moro em um Condomínio do “Minha Casa Minha Vida” e estou já pensando abandonar. Não existe segurança, o que nós mais sentimos é a dor da total insegurança, enquanto, os representantes dos poderes públicos, gozam de segurança e de paz em seus belos e aconchegantes apartamentos”, declarou extremamente revoltada uma munícipe, que embora pediu que não a identificasse, fez questão de procurar a reportagem.
A lembrança do jovem Rhavier Henrique alimentou a mobilização popular de que “Basta de violência em Simões Filho e a população exige mais segurança”.
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