Amigos e familiares marcaram presença na despedida do empilhador e mototaxista Valdir Cruz de Oliveira, 40 anos, morto a tiros em casa, no município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), após um jovem que estava em fuga entrar no local para se abrigar. Também nesta tarde foram sepultados os dois jovens Nailton da Silva dos Anjos, 23 e Lucas Moab da Silva Santana, 22 anos.
O momento de muita dor e comoção registrado na despedida da vítima, confirmou mais uma vez o sentimento de insegurança que atualmente vive a população de Simões Filho. Para amigos que foram dar o último adeus ao inocente, o desabafo e a revolta era vísivel nas pessoas que durante muitos anos conhecia a sua boa conduta e uma vida dedicada à familia.
As lágrimas, foram acompanhadas por gritos de dor e revolta. “Quem irá preencher o doloroso vazio, quem irá substituir a marcante e necessária presença do filho, pai, esposo e amigo?”, fica esse questionamento de diversas pessoas que estiveram no enterro que demonstraram ainda o sentimento de fragilidade, sobretudo, por ações eficazes do Governo do Estado para a promoção de condições necessários para minimizar a violência que nos últimos dias aterroriza os moradores da cidade.
Em contato com a equipe de reportagem, populares cobram justiça e ações para conter a violência desenfreada que amedronta as famílias simões-filhenses.
Passado o momento político em que os candidatos demonstram interesse pelas causas do povo, no enterro somente duas personalidades políticas estiveram para solidarizar-se com as famílias enlutadas, o Vereador Pedro da Kombi (PTC), que uma de suas assessoras é irmã da vítima e o vice-prefeito Neco Almeida (PSD).
O caso:
O caso aconteceu por volta das 19h, na Praça Nova Pitanga. A violência registrada na noite do Dia de Finados, vitimou ainda, dois jovens. Lucas Moab da Silva Santana, morreu na cozinha da casa de Valdir Oliveira com vários tiros, mas ainda não está claro como ele conseguiu entrar na residência da vítima.
Para o CORREIO, a esposa de Valdir, contou que estava no primeiro andar da casa, quando viu o marido pela última vez sentado no sofá. Ela tinha subido para dar banho no filho, quando ouviu os disparos dentro de casa.
“Foi assustador, foram mais de 15 tiros, eu não vi mais meu marido, tinha deixado ele tomando café. Quando estava descendo, vi um homem correndo, depois vi um outro passar com um capacete na cabeça da sala pra cozinha. Imediatamente, eu voltei e me tranquei no banheiro com meu filho”, disse.
Valdir estava de folga do trabalho e pretendia ir com a mulher e o filho, de 10 anos, para uma casa de veraneio alugada em Jauá, segundo o pai, que socorreu o filho no próprio carro. “Ele só não foi porque a esposa chegou tarde do trabalho, preferiu não ir àquela hora, mas antes tivesse ido sozinho. Muito difícil para mim, como pai”, revelou. O pai de Valdir afirmou que ainda não conseguiu entender como Lucas entrou na casa. “Eu acredito que o portão estava aberto ou meu filho abriu a porta achando que era alguém conhecido”, considerou.
Cunhado de Valdir, o autônomo José Conceição Passos, 61, ficou chocado com a situação. “Era um rapaz tranquilo, trabalhador, tinha o trabalho fixo e ainda tinha táxi e era mototaxista nas horas vagas. Amigo de todo mundo, era conhecido, era um cara do bem. Foi uma tragédia isso”, comentou.
Amigos e vizinhos lotaram a casa dos pais de Valdir na manhã desta quinta-feira (03) para prestar solidariedade a família. Valdir morava com a mulher e o filho no mesmo terreno da casa dos pais, que residem no local há 38 anos. Ele era o mais velho de sete irmãos. Amparada pelos familiares, a mãe de Valdir parecia não acreditar na morte do filho. “Meu filho morreu dentro de casa, que violência é essa, meu Deus”, dizia, aos prantos.
Na Rua da Granja, próximo à residência do mototaxista, também por volta das 19h, Nailton da Silva dos Anjos, 23, foi morto a tiros. Ele foi atingido por sete disparos e levado para a UPA de Simões Filho, mas não resistiu e morreu na unidade.
Deixe seu comentário