O presidente Michel Temer disse ontem que foi “surpreendente” a declaração de seu articulador político, o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), em favor da proposta que anistia a prática de caixa 2 em campanhas eleitorais. “Pessoalmente, eu acho que não é bom, mas vou chegar lá, quero esclarecer isso”, declarou Temer em entrevista coletiva em Nova York.
Segundo ele, a posição de Geddel é “personalíssima” e não reflete a posição do governo. “Acho que isso é matéria do Congresso Nacional, mas eu pessoalmente não vejo razão para prosseguir ou prosperar nesta matéria”, ressaltou.
Foto: Felipe Rau/Estadão Conteúdo |
O presidente, no entanto, não quis discutir a orientação que dará à sua base na votação do assunto no Congresso. Temer ressaltou que não pretende interferir na atuação do Legislativo. Anteontem, Geddel afirmou que o Palácio do Planalto não foi consultado sobre a tentativa de votar a anistia ao caixa 2, mas disse ser “pessoalmente” a favor da medida.
Para ele, se o Ministério Público Federal propôs um projeto para criminalizar o caixa 2, significa que esse tipo de prática não é considerado crime hoje. Segundo o ministro, uma coisa é o político ser penalizado com base na legislação eleitoral e outra é o que vem acontecendo na Lava Jato, em que as condenações têm sido por corrupção e lavagem de dinheiro.
“Se pede isso, é lícito supor que caixa 2 não é crime. Se não é crime, é importante estabelecer penalidades aos que infringirem a lei. Agora, quem foi beneficiado no passado, quando não era crime, não pode ser penalizado”, disse Geddel.
Na segunda-feira, em tentativa atrapalhada, líderes de praticamente todos os grandes partidos tentaram articular a votação de proposta com esse fim. Foi colocado em pauta um projeto de 2007 sobre mudanças em regras eleitorais, com emenda sobre a anistia, mas a tática não deu certo.
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