Lula diz que se entregará a pé caso provem corrupção: ‘Tenho a consciência tranquila’


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a negar na tarde de hoje (15), em entrevista coletiva em São Paulo, que tenha envolvimento com o esquema de corrupção da Lava Jato. “Provem uma corrupção minha que irei à pé me entregar à polícia”, disse o petista com a voz embargada.

Ontem o procurador da República Deltan Dallagnol afirmou que Lula era o “comandante máximo do esquema de corrupção identificado na [Operação] Lava Jato”. O procurador fez a declaração sobre a denúncia durante entrevista coletiva em que a força-tarefa do MPF responsável pela operação, detalhou a denúncia que envolve Lula, a esposa dele, Marisa Letícia, e mais seis pessoas.

(Foto: Reprodução)

“Todas essas denúncias, tenho a consciência tranquila, e mantenho o bom humor, porque me conheço, sei de onde vim, sei para onde vou, sei quem me ajudou a chegar onde estou, sei quem quer que eu saia, sei quem quer que eu volte”, disse o ex-presidente. Ele também mandou um recado aos jornalistas durante a coletiva: “Espero que a imprensa me dê amanhã o mesmo destaque que deram aos meus acusadores”, questionou.

O evento aconteceu no diretório do PT, em São Paulo, com a presença de lideranças políticas e de movimentos sociais. “Eu estou orgulhoso de saber que a perseguição a mim é por causa das coisas boas que nós conseguimos fazer nesse país”, ressaltou o petista.

Para o ex-presidente, é importante que o Ministério Público e a Polícia Federal se fortaleçam, mas ele ressalta que é preciso responsabilidade. “Respeito as instituições e respeito as leis. Vou prestar quantos depoimentos quiserem. É só me chamar”, afirmou.

Lula também elogiou o PT, do qual é um dos fundadores, e ressaltou a importância internacional do partido. “Tenho orgulho profundamente de ter criado o mais importante partido de esquerda da América Latina”, disse.

“Nós fomos elegendo prefeitos, vereadores e, com apenas 20 anos de existência, ganhamos as eleições [presidenciais] neste país. Era uma coisa inesperada”, acrescentou.

O ex-presidente disse ainda que tentaram fazer com ele, em 2005, enquanto presidente da República, “o mesmo que fizeram com Dilma”, em referência ao processo de impeachment. “Inventaram uma mentira e tornaram essa mentira uma verdade aos olhos da opinião pública e fizeram com que deputados, em uma noite que nunca o Brasil esquecerá, recomendassem que a Dilma fosse passar pela admissibilidade do Senado. Sempre entendi que o Senado tinha um nível superior”, disse. “Eles conseguiram dar um golpe tranquilo e pacífico, sem militares nas ruas”, acrescentou.

Lula deixou claro também que não perderá o sono por causa das investigações.  “A história mal começou. Alguns pensam que ela terminou. E eu vou viver muito. Estou com 70 anos, com vontade de viver mais 20”.

Denúncia
Classificado pelo comando da força-tarefa formada por procuradores da República como “comandante máximo do esquema de corrupção” na Petrobras, Lula foi denunciado ontem pelo Ministério Público Federal (MPF) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no âmbito das investigações sobre o caso do triplex situado no Guarujá, litoral paulista.

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(Foto: Agência Brasil)

Além do petista, foram denunciados a ex-primeira-dama Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o ex-presidente da OAS José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro. Na mesma ação, o MPF também acusou quatro pessoas ligadas à empreiteira: Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Paulo Roberto Valente Gordilho, Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira. O caso foi enviado ao juiz Sérgio Moro, que comanda os processos da Lava Jato na primeira instância. Cabe a ele decidir se os acusados se tornarão réus.

De acordo com o MPF, Lula recebeu “benesses” da OAS – uma das líderes do cartel que pagava propinas sobre contratos da Petrobras -, através de obras de reforma no apartamento 164-A do Edifício Solaris. O prédio foi construído pela Cooperativa Habitacional do Sindicato dos Bancários de São Paulo (Bancoop), que teve como presidente o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso desde abril de 2015.

Na denúncia, o MPF pede o confisco de R$ 87 milhões em bens e contas dos envolvidos. Em entrevista à imprensa, os procuradores disseram haver “14 conjuntos de evidências que se juntam e apontam para Lula como peça central da Lava Jato”. Para Dallagnol, o ex-presidente poderia ter impedido a continuidade do esquema de corrupção.

*CORREIO