Vice-prefeito de Santo Amaro é preso em casa suspeito de fraude em licitações


Leonardo Araújo Pacheco, um servidor e dois empresários foram presos preventivamente pela Operação Adsumus do MP-BA. Órgão estima que R$ 20 mi dos cofres públicos tenham sido gastos em licitações fraudulentas

O vice-prefeito de Santo Amaro, Leonardo Araújo Pacheco (PSB), foi preso preventivamente na própria casa, na manhã desta quinta-feira (14), durante a Operação Adsumus, do Ministério Público da Bahia (MP-BA). Além do vice-prefeito, foram presos também os empresários Roberto Santana, Paulo Sérgio Vasconcelos e o servidor Diego Sales, da secretaria de educação do município, todos suspeitos de realizarem licitações fraudulentas em reformas de escolas e construção de creches entre os anos de 2011 e 2015. O MP estima que foram gastos R$ 20 milhões dos cofres públicos.

Os envolvidos foram presos preventivamente para não atrapalhar as investigações e devem ficar detidos por cinco dias no Centro de Observação Penal, na Mata Escura. O mandado de prisão temporária também foi expedido para o empresário Luís Carlos Sampaio, que ainda não foi localizado. Na casa dos dois empresários, presos em Vilas do Atlântico e Busca Vida, foram encontradas armas de fogo, resultando em flagrante. Na busca por eles numa das empresas, com endereço no bairro do Costa Azul, funcionava um salão de beleza.

O Ministério Público suspeita que as quatro empresas Grauthec Construtora Ltda, Oliveira Santana Construções, Serv. Bahia Locações de Máquinas e Equipamentos Ltda e Real Locações de Máquinas e Equipamentos Ltda sejam as mesmas, pertencentes ao mesmo grupo econômico sob nomes diferentes, que se revezavam nas licitações.

Procurada, a prefeitura de Santo Amaro não atendeu às ligações. Nas tentativas de contato com as empresas, o CORREIO descobriu que tanto a Grauthec Construtora Ltda quanto a Oliveira Santa Construções funcionam no Condomínio Empresarial Multi Center, em Lauro de Freitas.

Nessa primeira fase da operação serão analisados os materiais e documentos apreendidos em computadores. O MP só deve estabelecer as estratégias das próximas fases após a análise dos arquivos. A diligência foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), envolvendo 50 policiais, 15 viaturas, 8 delegados e 42 investigadores.

Obras inacabadas

A partir de visitas de fiscalização no município, o órgão notou discrepância e solicitou apuração devido ao grande número de obras inacabadas. De acordo com o promotor João Paulo Schoucair, existiam pelo menos 19 obras não finalizadas em Santo Amaro. Ainda conforme Schoucair, o valor foi gasto na compra de materiais de construção, locação de maquinário pesado e também na contratação de pessoal. Durante o período, foram realizados 20 contratos com as quatro empresas.

Operação

O objetivo da operação é combater fraudes em licitações, além de crimes de peculato e lavagem de dinheiro. Além de Santo Amaro, a operação também acontece em Lauro de Freitas, Camaçari e Salvador.

A partir das investigações, verificou-se intensa movimentação financeira concentrada pelas Empresas Grauthec Construtora Ltda, Oliveira Santana Construções, Serv. Bahia Locações de Máquinas e Equipamentos Ltda e Real Locações de Máquinas e Equipamentos Ltda. Elas venceram licitações para vultuosas obras ocorridas ao longo dos anos de 2011 e seguintes. Também foi verificada a compra de materiais de construção, exclusivamente, na empresa Ayres Materiais de Construção Ltda.

Fraude

Os crimes foram cometidos por uma organização que envolve empresários e agentes públicos da prefeitura de Santo Amaro. Apurações da Promotoria de Justiça descobriram que a organização criminosa nasceu dentro da Secretaria de Obras. Foi constatado, inclusive, que as ações eram implementadas com o aval do vice-prefeito do município.

Hilza Cordeiro ([email protected])