Seis meses de salários atrasados, ameaçado de despejo, passaporte retido e sob ameaça de ser preso. Esta é a situação do centroavante Kleyr, que jogou o primeiro semestre pelo Al-Faisaly, da Jordânia. “Estou preso na minha própria liberdade. Estou sofrendo, sendo constrangido e sofrendo ameaças, mas não vou desistir’‘, disse ao Blog do Boleiro o jogador nascido no Acre há 35 anos.
Ele é um destes atletas brasileiros que rodam o mundo para fazer a vida. No caso de Kleyr, já são 34 equipes no currículo dentro e fora do Brasil. O caso dele chamou a atenção da embaixada brasileira em Amã que está tentando resolver a situação do atleta que diz que não sai do país enquanto não receber.
“Eles me contrataram em setembro. Recebi nos dois primeiros meses e o time foi bem, terminando o campeonato nacional em segundo lugar. Mas não me pagaram os últimos seis salários, o que já dá algo uns 30 mil dólares. Eles devem ainda seis meses do aluguel do apartamento que escolheram para eu morar”, contou.
Kleyr continua na capital jordaniana. Diz que não pode nem quer sair. O passaporte dele está em posse do dono do prédio de apartamentos onde o brasileiro mora desde que chegou. O Al-Faisaly não paga desde janeiro. “Já tenho uma ordem de despejo. O dono do apartamento tomou meu passaporte e me denunciou por atraso de pagamento. Acho que se tentar sair, serei preso”, afirmou.
O serviço diplomático brasileiro está estudando uma maneira de pressionar o clube a pagar o que deve ao jogador. O embaixador Francisco Luz disse a representantes da CBF que está preocupado com o caso de Kleyr e lembrou ainda que não é a primeira vez que clubes do futebol jordaniano deixam jogadores jovens do Brasil nesta situação.
Kleyr está sem a família.
Beatriz dos Santos, A esposa de Kleyr mora na China com as filhas. Lá, trabalha num projeto criado pelo volante Paulinho, ex-Corinthians. O atacante que está na Jordânia é padrinho de casamento do volante que atua no Guangzhou Evergrande.
Pelo combinado, Kleyr já estaria na China depois de jogar o Nacional pelo Al-Faisaly. No ano passado, ele atuou no Peru e no Equador. É um profissional experiente, acostumado com esta vida nômade internacional.
Mas desta vez foi pego de surpresa. Ele queria fazer desta passagem pelo futebol jordaniano a despedida no futebol. “Sou profissional há 18 anos e já havia falado para mim mesmo que iria me retirar feliz. Ok, não fomos campeões, mas ficamos em segundo e não ganhamos por um ponto. Estou há sete meses calado, só jogando e no acerto final fizeram isso”, reclamou.
Nesta sexta-feira, Kley esteve mais uma vez com representantes da embaixada do Brasil. “Tenho amigos que estão me ajudando. Meu nome está na Justiça e posso ser intimado a qualquer momento para justificar porque não foram pagos os aluguéis. Estou sem documento e não posso me mexer no país pra nada”, lamentou.
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