Turquia está pronta para abrir fronteiras e acolher milhares de sírios


À espera de uma decisão de Ancara, a situação humanitária é cada vez mais “desesperadora” para os civis, principalmente mulheres e crianças, que se deslocam para o norte da Síria, segundo os Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Se os sírios empurrados para o êxodo “estão às nossas portas e não têm outra escolha, nós devemos deixar entrar os nossos irmãos e é o que vamos fazer”, declarou no sábado o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, aos jornalistas.

Contudo, Erdogan não precisou quando é que os sírios poderiam entrar na Turquia, numa altura em que os principais postos fronteiriços, incluindo o de Oncupinar, se mantinham hoje fechados, segundo constatou um jornalista da AFP.

A Europa recordou Ancara do dever, à luz do direito internacional, de acolher os milhares de refugiados sírios bloqueados na fronteira sírio-turca depois de terem fugido da ofensiva do Exército do regime apoiado pela aviação russa.

“A Convenção de Genebra, que estipula que é preciso acolher os refugiados, é sempre válida”, declarou o comissário Johannes Hahn, quando chegava no sábado para uma reunião da União Europeia (UE) em Amesterdão.

O comissário falava depois de ser questionado sobre o fato de a Turquia ter fechado o posto fronteiriço de Oncupinar (denominado Bab al-Salama do lado sírio), a sul da cidade turca de Kilis, onde não foi autorizada qualquer entrada ou saída do território turco na sexta-feira.

A Turquia já acolhe cerca de 2,7 milhões de refugiados sírios.

Mais de 30.000 pessoas juntaram-se nos últimos dias nos arredores da cidade de Azaz, a cinco quilómetros da fronteira com a Turquia, afirmou no sábado o governador da província fronteiriça turca, Suleyman Tapsiz, precisando que esta vaga pode atingir um total de 70.000 refugiados.

Estes civis estão forçados a viver ao frio e em condições precárias, nos campos de refugiados instalados à pressa, designadamente em torno da localidade de Bab al-Salama.

“A situação é desesperada na região de Azaz” devido à ausência de abrigos, de água e de equipamentos sanitários, indicou o chefe da missão dos MSF na Síria, Muskilda Zancada.