A vendedora ambulante Berenice Ferreira Rodrigues, de 80 anos, morta ao ser esmagada por uma árvore na manhã desta sexta-feira (22), trabalhava no local vendendo lanches e cafezinho havia 15 anos. Moradora do bairro de Pernambués, ela chegava para trabalhar às 6h na Rua Coronel Almerindo Rehem. Ela tinha um carro de lanches.
“Salgados como coxinha, quibe, pastel, ela comprar de uma outra pessoa e revendia. Mas o cafezinho, o mingau e o bolo, era ela mesmo que fazia. Acordava na madrugada para fazer tudo da melhor qualidade e com amor”, disse o filho dela, o aposentado Valdemar Ferreira Rodrigues, 51, no local do acidente.
Valdemar lamentou a morte da mãe e revelou que já havia pedido a ela para sair do ponto. “Pedi tanto para ela parar de trabalhar, pois já recebe a aposentadoria de meu pai e a gente, como filho, ainda ajudava. Mas ela não queria ficar parada”, contou o filho, muito abalado com o acidente.
Um amigo da família que esteve no local do acidente, Silvio Torres, comentou que a idosa queria continuar trabalhando. “O próprio médico pediu para os filhos deixarem ela trabalhar para se sentir útil”, comentou.
O corpo da idosa foi resgatado pela Defesa Civil (Codesal), Corpo de Bombeiros e Polícia Civil por volta das 14h. Ela foi encaminhada para o Departamento de Polícia Técnica (DPT), onde passará por perícia. Berenice morava no bairro de Pernambués e deixa seis filhos.
Equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Salvar, Limpurb Polícia Militar e da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) também trabalharam na ocorrência.
O acidente
A árvore caiu por volta das 10h30, na Rua Coronel Almerindo Rehem, ao lado do Teatro Sesc Casa do Comércio, trecho que dá acesso ao Salvador Shopping. Berenice estava no local trabalhando e estava muito próximo à árvore no momento da queda. Segundo testemunhas, o vento estava muito forte.
Foto: Reprodução
“Ela estava trabalhando sozinha. Chegou aqui por volta das 6h. Como ficava na base da árvore, foi a mais atingida”, conta o guardador de carros Luis Ferreira, 77.
Outros dois ambulantes trabalhavam no entorno da árvore. Um deles é Jucelino José de Jesus, 27, que teve ferimentos leves, mas não quis ser atendido pela ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
“Foi tudo muito rápido. Quando a árvore caiu, um dos galhos bateu no carrinho [de lanche] que eu estava e me empurrou para fora da região onde a árvore caiu”, contou o trabalhador. Jucelino sofreu uma lesão na perna direita e um corte nas costas.
O terceiro ambulante que trabalhava próximo à idosa que morreu é Fábio Santana, 33. Ele vende roupas em cima de um carro, que também foi atingido pelos galhos da árvore. “Ventava muito forte. Em um segundo a árvore caiu no chão. Eu só escapei porque na hora saí para comprar um café”, lembra assustado. “Ela estava muito perto da raiz e ficou segurando o carrinho para não ser levado pelo vento. Não teve como escapar”, completou.
Além do carro de Fábio, um Celta, outros três veículos, Corsa Sedan, Palio, Onix, foram atingidos pelos galhos da árvore, mas nenhum teve grandes avarias. Cerca de mais dez ambulantes trabalhavam no entorno, mas não tiveram ferimentos e nem prejuízo com o acidente.
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