Tradicionalmente, o velejador Aleixo Belov, de 79 anos, inicia as viagens pelo mundo na escadaria do Comando do 2° Distrito Naval da Marinha do Brasil, no bairro do Comércio, em Salvador. Neste sábado, 5, não foi diferente, e o comandante zarpou rumo às águas do Oceano Ártico, em um novo desafio marítimo que deve durar um ano. A expedição pretende passar pelo Estreito de Bering, na América do Norte. O novo desafio do velejador baiano, que nasceu na Ucrânia, é um destino inédito para os brasileiros e poucos navegadores do mundo inteiro já ousaram fazer a travessia do oceano Pacífico para o Atlântico pelo topo do mundo, junto ao Ártico, conhecida como Passagem Noroeste.
A cerimônia de embarque, que seguiu os protocolos de segurança contra a Covid-19, contou com a participação de familiares da tripulação e autoridades da Marinha do Brasil, como o vice-Almirante Humberto Caldas Silveira Junior e o Capitão de Mar e Guerra Paulo Rafael Ribeiro Gonzales.
Neste novo desafio marítimo, o navegador deve passar por algumas regiões, como Caribe, Panamá, Hawaii, Canadá e Alaska.
No Brasil, uma das paradas será em Natal, no Rio Grande do Norte, onde ele deve reabastecer a embarcação, que tem seis quartos com 12 camarotes (camas), cozinha completa, sala de jantar e três banheiros.
Dentre os tripulantes estão o marinheiro Osvaldino Dórea (Lito), a oceanógrafa Larissa Nogueira, o fotógrafo Leonardo Papini e a estudante Ellen Brito. O mecânico Hermann Brinker e o engenheiro civil Maurício Pitangueiras também acompanham Belov até Natal. Ao longo da viagem, outros convidados deverão se juntar à tripulação.
O comandante afirma que a nova expedição é motivada pelo “amor” ao mar. “Depois de inaugurar o Museu do Mar Aleixo Belov, no Santo Antônio Além do Carmo (Centro Histórico de Salvador), em dezembro do ano passado, agora irei realizar um novo sonho, que é voltar ao mar que tanto amo”, afirma o velejador.
Desafio ousado
Primeiro o velejador seguirá para Natal, onde se despedirá do Brasil. O próximo destino será o Caribe, onde cruzará para o Oceano Pacífico, pelo canal do Panamá. Em seguida, subirá a costa oeste americana, até a pequena e quase desconhecida cidade de Nome, no norte do Alasca, onde começará a aventura ousada, que é tentar retornar ao Oceano Atlântico por um atalho no gelo do Ártico, onde pouquíssimos barcos de passeio já passaram.
Ele conta que a grande dificuldade será o gelo, que transforma o Mar do Ártico em uma superfície sólida quase o ano inteiro, impedindo o avanço até de navios. “A travessia da Passagem Noroeste só pode ser tentada no verão do Hemisfério Norte, quando, às vezes, o mar descongela. Por isso, eu tenho que chegar lá até junho, e torcer para o gelo, este ano, derreter”, diz Belov.
Se conseguir, será o primeiro navegador brasileiro a atravessar de um oceano para o outro, através do Ártico, com um veleiro. Aleixo Belov é o maior navegador do Brasil em milhas navegadas. Já deu cinco voltas ao mundo velejando, três delas sozinho no barco. Já esteve na Antártica, com o mesmo veleiro que partiu neste sábado cedo, o Fraternidade. Em 1980, se tornou o primeiro brasileiro a dar a volta ao mundo navegando solitário.
Matéria Jornal Atarde
Deixe seu comentário