Jogo em que Bolsonaro bate em mulheres e negros extrapola direitos constitucionais, diz advogado


Um jogo intitulado “Bolsomito 2k18”, em que o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) é o protagonista foi lançado no último dia 5 de outubro pela BS Studios. O game tem a missão de agredir mulheres, negros, gays e membros de movimentos políticos e sociais.

A descrição se baseia em teorias conspiratórias sobre suposta “ditadura comunista”: “Bolsomito 2K18 é um jogo indie em pixel-art que segue o estilo Beat ‘em up (briga de rua), e conta a história de um homem farto de viver em uma sociedade corrompida por um inimigo ideológico, que pretende se perpetuar no poder através de uma ditadura comunista”. E acrescenta: “Derrote os males do comunismo nesse game politicamente incorreto, e seja o herói que vai livrar uma nação da miséria. Esteja preparado para enfrentar os mais diferentes tipos de inimigos que pretendem instaurar uma ditadura ideológica criminosa no país. Muita porrada e boas risadas.”

Para o advogado Pedro Sales, embora seja uma obra intelectual e protegida por garantias constitucionais como a liberdade de expressão, o “Bolsomito 2k18” pode ser interpretado como uma forma de incitação à violência.

“Jogo é uma obra intelectual, o que não é muito diferente da criação de um livro ou de uma música. E está coberto pelo direito à liberdade de expressão. Mas extrapola esse direito, como também outros direitos constitucionais, como a dignidade da pessoa humana”, explicou em entrevista ao BNews.

O jurista também lembrou que o jogo pode ser enquadrado, a depender da interpretação do Ministério Público ou da Justiça, no artigo 286 do Código Penal, que pune a incitação à violência.