Desumanidade: Após acidente de trabalho, homem de 57 anos pena em cima de uma cama sem qualquer tipo de assistência em Simões Filho


Em pleno século XXI ainda existem pessoas que são tratadas por outras como seres desprezíveis ou simplesmente descartáveis. Este é caso do senhor Claudio Donizete da Cruz, de 57 anos, morador do distrito de Mapele, na zona rural de Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador (RMS).


Senhor Claudio vive em situação de abandono, em condições verdadeiramente subumanas, desde que sofreu um acidente de trabalho, no dia 02 de maio deste ano, enquanto prestava serviço a empresa “3 Eixos”, localizada na região do Centro Industrial de Aratu (CIA).

Em entrevista a reportagem do Mapele News na tarde desta quinta-feira (16), o homem conta como aconteceu o acidente e porque hoje em dia ele é obrigado a permanecer cotidianamente em cima de uma cama, sem a menor possibilidade de locomoção.

“Eu me acidentei no trabalho. Eu saí daqui pra trabalhar, chegando lá fui fazer manutenção no freio da carreta, daí choveu, essa carreta deslizou e caiu em cima de mim”, disse ele ainda emocionado.

Em decorrência do acidente, Claudio sofreu uma grave lesão na região da “Bacia”, o que o impede de se locomover ou pelo menos levantar da cama de madeira, onde ele permanece 24horas deitado.

“Eu estou aqui deitado sozinho, só eu e Deus, se eu não tenho ninguém aqui”. Afirmou o homem apelidado pelos vizinhos como paulista, justamente por ser natural da capital paulistana, onde inclusive moram seus familiares.

Claudio conta que o grande problema da sua história não se resume ao fato de ter fraturado uma estrutura do corpo, mas principalmente ao que se refere à falta de apoio do empresário após o acidente de trabalho, quando na verdade ele deveria ter assumido toda a responsabilidade do tratamento e dos suprimentos que o ex-funcionário necessita neste período de reabilitação.

“Ele só me diz que está ajeitando as coisas, mas até agora não fez nada. O senhor vê a quantidade de medicamento que eu estou tomando aqui. Mas eu não tenho nem condições de me alimentar bem, imagine como eu vou tomar estes medicamentos pesados”, disse ele

Desde que se acidentou, Claudio vive exclusivamente da ajuda dos vizinhos. Uma delas, revelou que trabalha como cuidadora de idosos e chegou a procurar o ex-patrão de Cláudio para propor um acordo de trabalho, ajudando a cuidar dele enquanto recebia alguma gratificação pelo serviço, mas o empresário não aceitou.

Mesmo tendo a ajuda de custo negada, dona Rose conta que somente ela e seu marido ajudam seu Claudio com as refeições e até mesmo com a higiene pessoal. A vizinha conta ainda que, até o momento o empresário não tem oferecido nenhum subsídio ao ex-funcionário.

“Ele está precisando de uma assistência que ele não está tendo. Ele está aí abandonado feito um cachorro. Se não fôssemos eu e meu marido ele não tinha ninguém. A gente que dá almoço, café e janta a ele. O patrão dele só trouxe um fardo de água e dois pacotes de biscoito, que nós até brincamos perguntando se ele vai vender água”.

O paulista confirmou o relato da vizinha e disse que mesmo tendo essa ajuda, precisa de uma pessoa que se dedique integralmente a ele ou até mesmo aceitaria ser removido para um abrigo de idosos.

“Eu sei que a situação dele também não é boa, mas a minha é pior. Eu estou pela mão da vizinhança aqui. Eu preciso de uma pessoa o dia todo dando assistência pra mim ou pelo menos me coloque num abrigo, onde eu poça ficar mais a vontade”.

Além das necessidades básicas como alimentos e medicação, o paciente também necessita de um transporte para levá-lo até o hospital. Nesta sexta-feira (17), Claudio tem uma consulta de revisão marcada e disse que não sabe como irá até a unidade hospitalar. “Eu preciso de uma ambulância. Amanhã eu tenho que ir no médico e está aí uma confusão se vai ter táxi ou se não vai ter”, ressaltou.

Com toda a frustração de está vivendo uma situação extremamente indelicada, Cláudio teme que o pior aconteça com sua vida. “Amanhece o dia, anoitece e eu trancado aqui dentro feito um bicho. Se não fosse eles pra abrir de manhã e fechar a noite. Porque eu não tenho como descer da cama pra ir pra lá. Qualquer coisa que acontecer de ruim comigo eu vou ter que morrer aqui, porque eu não tenho como me locomover”, concluiu.